O presidente do Chega considerou hoje que o novo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, é “um homem do aparelho do PS” e defendeu que o primeiro-ministro perdeu uma oportunidade para escolher “alguém independente” e com “capacidade de diálogo”.
Em declarações aos jornalistas à chegada para um jantar-comício em Sintra, distrito de Lisboa, André Ventura começou por considerar que Manuel Pizarro “era uma escolha previsível, mas que ao mesmo tempo é uma escolha que acarreta riscos”.
“É um homem da confiança do primeiro-ministro, é alguém que faz parte do aparelho do PS, muito próximo do aparelho do PS, e que sabemos que António Costa tem escolhido esses perfis para escolher ministros. O risco é que é um homem do aparelho do PS, aquilo que é simultaneamente uma previsibilidade, é um risco”, argumentou.
Na sua opinião, “é sinal de que António Costa está mesmo decidido a fazer do Governo um forte do aparelho do PS”.
O líder do Chega considerou que Pizarro “é um homem excessivamente ligado ao aparelho” e considerou que, como secretário de Estado, “não deixou obra particularmente conhecida nem de boa memória, pelo contrário, deixou uma obra fraca num contexto em que a saúde, como todos sabem, em 2011, ficou particularmente afetada”.
O presidente do Chega advogou que “quando se escolhe um ministro da Saúde neste contexto deveriam ter-se em conta critérios de experiência na área da negociação com vários operadores da saúde e também algum histórico de experiência com resultados feitos”.
“Ora, Manuel Pizarro não tem nem uma coisa nem outra, e o que tem tem mau. O histórico que tem na saúde não deixou boa memória a ninguém”, apontou.
O presidente do Chega disse que “dá naturalmente o benefício da dúvida” dado que o contexto é “muito difícil”, mas antecipou que “será uma continuidade de Marta Temido”.
“Com uma agravante, é que a responsabilidade agora será totalmente de António Costa, porque ao escolher um nome como este assume as responsabilidades pelas consequências que esta escolha terá”, salientou.
O socialista Manuel Pizarro é empossado sábado ministro da Saúde, pelas 18:00, no Palácio de Belém, Lisboa.
Manuel Pizarro, médico, especialista em medicina interna, foi secretário de Estado da Saúde nos dois executivos liderados por José Sócrates, entre 2008 e 2011.
No plano político, Manuel Pizarro foi por duas vezes candidato derrotado a presidente da Câmara do Porto, é o líder da Federação do Porto do PS e foi nono na lista de candidatos a eurodeputados socialistas nas últimas eleições para o Parlamento Europeu.
Manuel Pizarro nasceu em 1964, em Coimbra, mas residiu sempre no Porto, cidade em que foi médico no Centro Hospitalar e Universitário de São João e diretor clínico do Hospital da Ordem da Trindade.
Foi deputado do PS na Assembleia da República (2005-2013), tendo integrado a Comissão Parlamentar de Saúde. Entre 2013 e 2021, assumiu o cargo de vereador da Câmara Municipal do Porto.
Marta Temido, de 48 anos, pediu a demissão de ministra da Saúde no passado dia 30 de agosto, mas António Costa pediu-lhe para se manter em funções mais algumas semanas até concluir a aprovação do diploma que regulamenta o Serviço Nacional de Saúde (SNS).