A maioria socialista na Câmara de Caminha quer atribuir a classificação de interesse municipal às antigas oficinas de ferreiros de Vilar de Mouros como forma de “salvaguardar e valorizar um importante exemplar do património” do concelho.
Em comunicado, a Câmara Municipal adiantou que a proposta de atribuição da Declaração de Interesse Municipal (DIM) às Oficinas Torres e Fontes, de Vilar de Mouros, “vem ao encontro de uma luta antiga Grupo de Estudos e Preservação do Património Vilar Mourense (GEPPAV), da Junta de Freguesia, e da população.
A atribuição daquela classificação vai ser submetida à apreciação do executivo municipal, na quarta-feira, às 15h00, em reunião camarária a realizar no edifício dos Paços do Concelho.
Com atribuição da DIM a autarquia liderada por Miguel Alves pretende dar “o primeiro passo para a salvaguarda” daquele conjunto patrimonial, cuja recuperação foi incluída, pelo executivo de Caminha, na lista de projetos da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho a candidatar aos fundos do Portugal 2020.
“Em risco de desaparecer o conjunto onde funcionaram as Oficinas Fontes e Torres, situado em Vilar de Mouros apresenta um valor excecional, histórico, socioeconómico e tecnológico, no âmbito do património cultural”, lê-se naquela nota.
A proposta de classificação patrimonial das oficinas de ferreiros Fontes e Torres é defendida há vários anos pelo GEPPAV, que em 2012, entregou Direção Regional de Cultura do Norte um dossier sobre o assunto,
“É conhecida a identificação de Vilar de Mouros com a arte dos metais, sendo que as duas grandes oficinas de ferreiros, a Oficina Torres e a Oficina Fontes, ambas sempre na posse das mesmas famílias, estiveram em contínua atividade desde, pelo menos, o século XVIII”, lê-se na página de Internet daquele grupo de estudos.
Segundo a investigação feita por aquela coletividade, “a partir de inícios do século XX, enquanto a Oficina Torres se especializava no fabrico de ferramentas para estucadores e pintores, vendidas em lojas e drogarias de norte a sul do país, a Oficina Fontes, que chegou a albergar duas dezenas de operários, dedicava-se à produção de alfaias agrícolas, e a sua área de influência ultrapassou em muito o nível local para atingir uma surpreendente abrangência regional (Minho e Galiza) e até nacional”.
“Graças ao sucesso comercial das suas alfaias, a Oficina Fontes (a maior das duas) beneficiou de uma importante obra de remodelação em 1948, com o projeto da autoria do arquiteto José Porto (1883-1965.Deste projeto resultou o atual edifício da oficina, com extensas superfícies envidraçadas e uma claraboia suspensa numa estrutura em madeira, única na região”, lê-se no estudo publicado pelo GEPPAV.
Segundo aquele levantamento, “ambas as oficinas cessaram a sua atividade industrial e comercial no decorrer da primeira década do século XXI, sendo que o seu exterior e interior (incluindo um valioso espólio industrial) se mantêm inalterados”.
“A Oficina Torres, apesar de desativada, ainda é frequentada regularmente pelo seu último ferreiro e proprietário, enquanto a vizinha Oficina Fontes, há vários anos encerrada e à venda, se encontra em maior risco de degradação física, estando o seu espólio em sérios riscos de se perder”, sustentam os autores da proposta apresentada em 2012.