Câmara de Braga embarga construção de torre de comunicações no monte de São Gregório

Pároco diz que estrutura beneficia a cidade
Foto: DR / Arquivo

O pelouro do Urbanismo Câmara de Braga embargou a obra de colocação de uma sapata no recinto da capela do Monte de São Gregório, em Maximinos, que se destina a suportar uma torre de comunicações da MEO. O embargo foi decidido após a denúncia do cidadão António Esteves, morador na freguesia, que contactou o Município e escreveu à Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho e à Direção Regional de Cultura.

A informação chegou ao Gabinete de Arqueologia do Município que atuou, logo de seguida.

Na opinião daquele cidadão de Maximinos, “a implantação de uma torre num local de peregrinação e de culto, um dos três maiores santuários do concelho, é um atentado ao património da cidade. É inadmissível que ninguém saiba de nada. A legislação obriga a que qualquer obra seja sujeita a parecer por motivos arqueológicos”.

E acrescenta: “Não vale tudo! O local encontra-se inscrito com o número 132 na carta de condicionantes arquitetonicas e arqueologicas do Plano Director Municipal, estando , deste modo, qualquer intervenção a ali efetuar, ou na área envolvente ( com um perimetro aproximado de 50 metros estabelecidos a partir do edificio), sujeito a pareceres dos serviços competentes do municipio, como é o caso do Gabinete de Arqueologia”.

Foto: DR

O assunto foi, também, debatido, terça-feira, na assembleia da União de freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, tendo gerado forte polémica, nomeadamente com a intervenção de António Esteves. Contactado por O MINHO, o presidente da Autarquia, Luís Pedroso, disse que, logo que aquele freguês o contactou, enviou um ofício a alertar a Câmara: “O terreno é privado, pertence à Confraria do Monte, pelo que a Junta não pode intervir”.

Já o pároco de Maximinos, Manuel Miranda, disse que “o licenciamento depende da Câmara, não é comigo”, tendo a paróquia apenas dado autorização para a instalação, decisão que passou pela Arquidiocese.

Foto: DR

Diz que a operadora de comunicações entrou com um pedido de licenciamento na Câmara e que a futura torre “em nada prejudica” o espaço dedicado aos fiéis que ali vão, nomeadamente em abril quando se celebra o dia do Santo. Sustenta, ainda, que “este tipo de estruturas são uma mais valia para a cidade e os seus habitantes, já que hoje ninguém prescinde de telemóvel e internet”.

A implantação da torre tem contrapartidas financeiras para a paróquia e a Confraria.

O Monte é um espaço amplo e arborizado com uma vista privilegiada para a cidade, que alberga uma Capela datada de 1393, dedicada a São Gregório Magno, Papa desde Setembro de 590 até à data da sua morte, no ano de 604. Dispõe de mesas, água, cozinha e WC.

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No local foram identificadas evidências de níveis de ocupação que remontarão à fase castreja da Idade do Ferro do Noroeste Peninsular, que conheceu posterior romanização.

 
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