A Câmara de Braga vai alargar, em sede de revisão do PDM, a área do cemitério de Monte D’Arcos, expandindo-se para terrenos anexos, onde caberão, pelo menos, cem novas campas.
A vereadora dos Equipamentos Municipais, Olga Pereira disse a O MINHO que há dois terrenos possíveis para expansão, estando o estudo a ser feito pelos serviços técnicos, em conjugação com a equipa da Divisão de Urbanismo que está a rever o PDM- Plano Diretor Municipal.
A autarca adiantou que, neste momento, há 48 campas ou jazigos dados como abandonadas no cemitério de Braga. Algumas delas estavam a cargo da Santa Casa da Misericórdia, que outrora recebeu doação monetárias para o efeito, mas que agora se diz desobrigada de delas cuidar.

Vendidas daqui a um ano
Olga Pereira adiantou que nas campas que aparentam estar ao abandono é colocada uma placa de aviso e, sempre que possível, enviadas cartas aos familiares, de modo a que estes se pronunciem: “ao todo concedemos um período de um ano para que a família que porventura ainda exista se declare e se comprometa a tratar da campa ou do jazigo”, explicou.
No final, as campas que vieram a ser dadas como abandonadas serão vendidas pelo Município em hasta pública.

O cemitério tem uma crónica falta de campas – ainda que atenuado com a recente abertura do Tanatório – o que, salienta Olga Pereira, obriga a que se tomem algumas medidas de curto prazo: “Estamos a criar sepulturas para ossadas, ossários e columbários, para cinzas, e mais uma secção temporária para suplantar o atual crescimento populacional, o que se prevê concluído em 60 dias (procedimento já em curso)”, revelou.
Misericórdia não tem encargo
Ao que O MINHO soube, o problema da falta de locais para se enterrarem os mortos foi agravado pela decisão do anterior vereador, o agora deputado Firmino Marques de proibir que fossem transacionadas – por preços elevados – pelos detentores de campas. Uma tese que a autarca rejeita: “o Firmino Marques limitou-se a aplicar a lei, que não permite venda de lugares.

Até porque estes não são propriedade de ninguém, estão apenas concessionados”, sublinha.
Sobre as campas a cargo da Misericórdia, O MINHO contactou o seu provedor Bernardo Reis o qual explicou que o organismo se desobrigou da tarefa de cuidar das cerca de dez que tinha a cargo, em resultado de doações de dinheiro por morte. “As campas são da Câmara e as famílias já não se interessam por elas, pelo que a Misericórdia se sente desobrigada de continuar a cuidá-las”, explicou, sublinhando que se está a fazer um levantamento da situação.
Uma parte delas ostenta uma placa, com os dizeres “ao cuidado do Hospital de São Marcos”, mas essa obrigação não transitou para o novo, gerido pelo grupo Melo e que agora voltou a ser público.

A Misericórdia tem, de resto, um talhão próprio no cemitério, onde são sepultados os seus dirigentes.
Mais funerais em 2020
A Câmara diz, ainda, que analisados os dados, constata-se um aumento de funerais e cremações significativo em 2020, provavelmente relacionado com a pandemia covid-19.
“Comparando as inumações com as cremações, observamos uma tendência de crescimento na atividade do Tanatório, o que se compreende dado existirem mais opções para o destino das cinzas e a diferença de custo poder ser vantajosa”, diz a vereadora, frisando que “a opção de cremar os restos mortais, ossadas, no caso específico das secções temporárias, regista o maior aumento”.