Câmara de Barcelos pede esclarecimentos sobre mau cheiro de aterro sanitário

Instalado em Paradela

O presidente da Câmara de Barcelos, Mário Constantino, reuniu hoje com os autarcas de Paradela, Cristelo e Barqueiros para analisarem as queixas das populações relativamente aos odores que emanam do aterro sanitário da Resulima.

Em comunicado, a autarquia explica que o encontro deu-se à margem da visita que os autarcas das freguesias barcelenses estão a fazer ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, tendo o presidente da Câmara esclarecido os presidentes de Junta daquelas três freguesias, que já se reuniu diversas vezes com os responsáveis da Resulima, no sentido de se inteirar das medidas que a empresa está a tomar para minimizar o problema dos odores, que tem motivado queixas das populações.

Mário Constantino informou também os autarcas que, entretanto, já tinha solicitado, com caráter de urgência, que lhe fosse dado a conhecer o estudo que a Resulima encomendou à Universidade de Aveiro, relativamente aquele caso.

Como O MINHO tem noticiado, desde o início deste ano, quando o aterro entrou em funcionamento, que o mau cheiro está a deixar em desespero os moradores das freguesias vizinhas da Póvoa de Varzim.

A Câmara da Póvoa de Varzim já anunciou, inclusive, que vai avançar com uma ação judicial para encerrar o aterro sanitário.

Aires Pereira, autarca poveiro, aponta que a situação, que se arrasta desde o início do ano, “está ainda mais insustentável”, considerando que os responsáveis pelo aterro não têm conseguido resolver o problema, mesmo depois de serem inspecionados pelas entidades competentes.

“As populações têm-se queixado ainda mais de um cheiro insuportável, o que quer dizer a empresa que gere o aterro não tem conseguido fazer o tratamento que se comprometeu de todos os resíduos que lá chegam”, disse o presidente da Câmara da Póvoa Varzim.

Aires Pereira vincou que é tempo do município que dirige “dizer chega a esta situação”, garantindo que a Câmara vai “acionar todos os meios judiciais com vista ao encerramento da instalação”.

A infraestrutura, que está localizada na freguesia barcelense de Paradela, é gerida pela empresa Resulima, responsável pela recolha de resíduos nos municípios de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo e entrou em funcionamento no início deste ano, mas, desde então, tem gerado a contestação dos habitantes das freguesias poveiras limítrofes de Rates e Laúndos.

Em abril deste ano, a Câmara da Póvoa de Varzim pediu à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), entidade responsável pela fiscalização deste tipo de equipamentos, uma inspeção ao local.

No relatório dessa vistoria, a que agência Lusa teve acesso, a CCDRN confirmou existência de “odores incomodativos” e de oito inconformidades no funcionamento do equipamento, relacionados, sobretudo, com o modo de processamento e tratamento dos resíduos, dando um prazo de 30 dias para a Resulima apresentar um plano de ação, e de 180 dias para resolver os problemas.

Passado esse período, com o aterro a funcionar com uma licença provisória, apesar de a empresa ter dito que reforçou a cobertura dos resíduos e implementado medidas para mitigar a emissão de odores, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim partilhou que as queixas da população não só se mantêm, como se agudizaram.

“A licença a título provisório chegou ao fim, e já notificámos, de novo, todas as entidades, que têm o dever de fiscalização, que a situação está ainda pior”, disse Aires Pereira.

O autarca considerou, ainda, que com este incidente “se está a prestar um péssimo serviço à questão ambiental, descredibilizando os processos de tratamento resíduos e dificultando a colocação de novos equipamentos no terreno”.

“As populações que, nos últimos 20 anos, se habituaram a viver junto de equipamentos semelhantes, mas que funcionam bem, já não toleram situações como estas, que lhes retira qualidade de vida”, alertou Aires Pereira.

O aterro em causa, localizado na freguesia de Paradela, operado pela Resulima, que começou a ser construído em 2017 e foi implementado numa área de 14 hectares, tendo um custo de 28 milhões de euros e sido anunciado como um equipamento moderno e tecnologicamente avançado.

O equipamento situa-se a algumas centenas de metros de um antigo aterro na freguesia de poveira de Laúndos, que, depois de algumas décadas em funcionamento, foi recuperado e selado pela Lipor, empresa intermunicipal de gestão de resíduos do Grande Porto, em 2004, num investimento de 3,2 milhões de euros.

 
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