O Brasil voltou a eleger Lula da Silva como o seu presidente no último domingo. Em Portugal, o candidato do PT venceu no Porto, em Lisboa e em Faro com ampla maioria. No Norte, a vitória veio com 64,8% dos votos, e em Braga, os apoiadores do vencedor estão esperançosos por mudanças, enquanto os eleitores de Jair Bolsonaro demonstram insatisfação.
Para Lucas de Freitas, de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, produtor cultural e realizador de eventos e festas, que votou em Lula, a primeira expetativa é por uma transição pacífica e democrática. Recorde-se que Jair Bolsonaro ainda não deu nenhuma declaração após a derrota.
“O Bolsonaro e os seus aliados e apoiadores fizeram de tudo para atrapalhar o processo democrático. Felizmente, pelo que eu penso, houve a vitória do lado democrático. Que o dia 1 de janeiro seja um dia de passar a faixa”, disse o carioca que vive em Braga há dois anos a O MINHO, que espera também que o Brasil deixe de ser o que classificou como um estado pária, mas reconhece que o processo não será rápido.
“Que o Brasil volte a dialogar com a União Europeia, que faça parte de um Mercosul forte, aberto ao mundo, que respeita a sua floresta, que volte a receber investimentos de pesquisas nas florestas. Este primeiro ano não vai ser o das grandes mudanças, dos grandes investimentos, a moeda já entrou em desvalorização. Eu espero que depois de alguns anos o Brasil volte a receber investimentos externos e a ter credibilidade na política mundial, hoje o país está isolado, marginalizado, e que volte a ter um país novamente no G8, principalmente porque eu sou um cidadão brasileiro que vive na União Europeia, é importante ter uma boa diplomacia internacional”.
Do outro lado, os apoiadores de Jair Bolsonaro acreditam que o presidente eleito não vai levar progresso ao Brasil.
“Penso que vão ser quatro anos de atraso e desastre para o Brasil, e que só vai ser sentido daqui a quatro anos, quando os cofres públicos estiverem vazios”, disse o carioca Eduardo Rocha, funcionário público estadual, já reformado, de 57 anos, há cinco em Braga.
Para Eduardo, Lula vai governar com decretos-lei e vai utilizar o Supremo Tribunal Federal para garantir as aprovações.
“O Congresso vai rejeitar os seus decretos-lei, mas ele vai ao STF, onde tudo vai ser aprovado, pois foi o Lula que colocar a maioria dos que lá estão e ainda vai colocar mais neste mandato”, analisou.
Lucas de Freitas, no entanto, acredita numa maior estabilidade social, e que principalmente o país deixe de estar dividido, como ficou nos últimos anos.
“Muitas famílias estão brigadas, pais que não falam com os filhos, aconteceram até divórcios. O Lula não é uma pessoa que estimula estas desavenças. Enquanto o Bolsonaro, todos os dias, conspirava contra a harmonia e a democracia. Nunca fomos um país com este tipo de divisão, e o Lula atua no âmbito democrático, não estimula estas brigas”, concluiu.
Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos como Presidente, entre 2003 e 2011, regressa ao Palácio da Alvorada após uma vitória na segunda volta, a primeira na história democrática recente do Brasil contra um chefe de Estado recandidato.
O antigo sindicalista terá como vice-presidente Geraldo Alckmin, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que já tinha sido seu opositor nas eleições presidenciais de 2006, então pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).