A região metropolitana de Manaus e no Sul do estado do Amazonas, no Brasil, está em situação de emergência face aos grandes fogos que têm dizimado hectares daquele que é conhecido como o “pulmão do mundo”.
Estes incêndios, que têm merecido atenção mediática em todo o mundo fruto de algumas polémicas que envolvem aquela mancha florestal e o Presidente da República brasileiro, estão a consternar a nação brasileira e os residentes em Braga não são exceção.
In the #AmazonRainforest, fire season has arrived.
The MODIS instrument on NASA’s Aqua satellite captured this images of several fires burning in the Brazilian states of Rondônia, Amazonas, Pará, and Mato Grosso on August 11, 2019. pic.twitter.com/btulI01v5n
— NASA Goddard (@NASAGoddard) 21 de agosto de 2019
O MINHO falou com Alexandra Gomide, presidente da Associação UAI – União, Apoio e Integração, com sede em Braga, que manifesta consternação pelos incêndios, não acreditando que os mesmos se devam ao clima, mas sim a fogo posto por interesses estratégicos.
“O sentimento dos brasileiros em geral é de consternação mas todos concordam que a questão é extremamente complexa”, avança Alexandra, apontando os “muitos interesses na Amazónia que vão além de uma mera questão ambiental”.
“Há riquezas que interessam a laboratórios farmacêuticos, indústria mineira, madeireiras, indústrias energéticas, latifundiários, etc, e o que dificulta uma resolução definitiva para o problema é que muitos países que condenam as queimadas se omitem quando os interesses de suas indústrias que degradam a floresta são questionados”, aponta a responsável da UAI.
Gomide crê que estes fogos, embora “comuns na época seca em alguns estados brasileiros”, não deixam de impressionar pois são imagens “fortes”. “A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, mas penso que a culpa não é do clima”, aponta.
Até no Good Morning America falou sobre as queimadas 😱 #PrayforAmazonas pic.twitter.com/52MbHwfpXw
— #Lover 08/23 🏹 (@MaelsonJorge) 22 de agosto de 2019
“Investigadores já explicaram em várias fontes no Brasil, que o tempo em 2019 está mais seco do que no ano passado, o que propicia incêndios, mas garantem que grande parte deles não tem origem natural. Enfim… em geral o clima só cria as condições, alguém coloca o fogo”, diz.
Alexandra Gomide fala ainda do “impacto negativo do desmatamento ilegal e das queimadas não autorizadas”. “Já é consenso de que muitos focos de incêndio são criminosos, como por exemplo agricultores interessados em ganhar espaço para gado e agricultura. Enfim… muito próxima da realidade aqui em Portugal ou em outros lugares do mundo”, explica.
Sobre a comunidade internacional, e as críticas que se têm levantado para com o governo brasileiro, a representante do UAI refere como importante que a ajuda internacional seja baseada em apoio tecnológico e intelectual e principalmente respeito à soberania do povo da Amazónia.
#PrayForAmazonas: Queimadas viram assunto mais comentado no Twitter no mundo https://t.co/OV8awY1PGK pic.twitter.com/dINvS8GpAs
— BBC News Brasil (@bbcbrasil) 22 de agosto de 2019
“O problema não será resolvido através de ameaça, acusação, confrontação ou intimidação, isto só radicalizará a reação, o que não é desejável e pode, inclusive, levantar suspeitas quanto ao real interesse dos que estão denunciando de maneira alarmante a situação, criando um efeito contrário ao que se deseja e que se espera”, diz.
“A questão amazónica somente será resolvida quando houver coerência entre o discurso e as ações, isenção e transparência de todos no real interesse de preservar a riqueza da floresta, seja por parte do governo brasileiro, dos governos estrangeiros, das organizações não governamentais, da imprensa nacional e internacional e dos moradores da Amazónia. Talvez uma utopia, mas certamente uma necessidade”, finaliza Alexandra Gomide.