Braga: MP quer punir quatro consumidores de droga que terão mentido ao tribunal

No processo da mulher ganhava 60 mil euros por mês a traficar
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O Ministério Público pediu, hoje, no Tribunal de Braga, ao coletivo de juízes que está a julgar 18 arguidos por pertencerem a uma rede de tráfico de droga, a extração de quatro certidões das declarações de outras tantas testemunhas, por considerar que mentiram na audiência.

O magistrado entendeu que os testemunhos prestados hoje por quatro alegados consumidores de droga, não coincidiram com os que foram prestados aquando do inquérito-crime. Terão, por isso, praticado o crime de falso testemunho.

Na primeira sessão, e conforme O MINHO noticiou, dois arguidos confessaram o crime de tráfico de drogas perante o Tribunal, dizendo que vendiam para a rede de tráfico gerida, em Braga, por uma mulher de 68 anos.

Vendiam cocaína e heroína, em duas casas, uma no bairro social de Santa Tecla e outra na Avenida 31 de janeiro. E disseram que a líder da rede obtinha uma receita de 120 mil euros por mês, metade da qual, 60 mil era lucro.

Os dois, ambos de nome João, contaram, ainda, que iam, a mando dela, diariamente ao Porto, para comprar dois mil euros de estupefacientes, que eram vendidos, pelo dobro do preço, quer em Braga, quer em zonas limítrofes, em Prado, Vila Verde e nas Caldas das Taipas, Guimarães.

Disseram, também, que se deslocavam a várias zonas de Braga, porque alguns consumidores pediam, por telefone, a entrega do produto, dado que tinham receio de se deslocar a Santa Tecla.

Clarinha, a cabecilha

A rede de tráfico de droga era alegadamente gerida por Maria do Céu C. – conhecida por “Clarinha e Tia”, uma mulher de 68 anos, mas utilizando uma filha e duas netas, e recorrendo à ajuda de 14 toxicodependentes.

Esta suposta ‘cabecilha’ do grupo, que está em prisão preventiva, ainda não compareceu ao julgamento, por se encontrar doente.

Ao todo são 18, as pessoas da cidade que terão – e de acordo com a investigação feita pela PSP de Braga – vendido ou ajudado a comercializar, em oito meses, entre 2022 e 2023, 150 pedras de cocaína e 50 embalagens de heroína, por dia, ou seja um total de 36.750 pedras de cocaína e 12.250 embalagens de heroína. Com isso, obtendo um lucro de 428 mil euros euros, 367.500 na venda de cocaína e 61.250 na de heroína. O que correspondeu a cinco quilos de cocaína e três de heroína.

A acusação do Ministério Pública concluiu que os toxicodependentes que iam ao Bairro consumiam o estupefaciente no interior da casa, para assim, quando abordados pela Polícia, o mesmo não lhe ser apreendido, nem relacionar o local à venda de estupefacientes.

O MP sustenta que, entre setembro de 2022 e maio de 2023, a arguida liderou um grupo de 17 indivíduos – entre os quais uma filha e duas netas – que se dedicava ao transporte, doseamento e à venda/revenda de estupefacientes.

Seis reincidentes

O MP sublinha que seis – quatro dos quais em prisão preventiva e uma em domiciliária – dos 18 arguidos, entre elas a ‘cabecilha’, não se contiveram em persistir na prática do mesmo tipo de crime, assim demonstrando que as condenações anteriores não foram suficientes para os demover.

 
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