O bispo da Diocese de Viana do Castelo disse esta quarta-feira esperar que ainda este ano o beato Bartolomeu dos Mártires venha a ser declarado santo, depois de o papa Francisco ter autorizado a canonização sem a atribuição de um milagre.
“Seria uma graça divina já que foi pela prática da misericórdia recebida por Deus e nas suas diversas expressões que o beato Bartolomeu talvez mais se tenha distinguido no seu tempo e hoje tanto bem pode fazer à Igreja”, lê-se numa comunicação assinada por Anacleto Oliveira e dirigida aos diocesanos.
Naquela nota, publicada esta quarta no sítio de Internet da Diocese de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira acrescenta que “os vianenses, desde a sua morte, se habituaram a chamar-lhe “arcebispo santo”.
A posição do bispo da capital do Alto Minho surge na sequência do anúncio, na terça-feira, pela arquidiocese de Braga, que o papa Francisco autorizou a canonização sem a atribuição de um milagre ao futuro santo.
De acordo com uma nota do arcebispo Jorge Ortiga, publicada no ‘site’ da Arquidiocese de Braga a decisão foi comunicada numa audiência concedida em janeiro passado à Congregação para a Causa dos Santos.
A autorização do papa permite, após o cumprimento de alguns procedimentos, “a conclusão do processo de canonização e a declaração pública da santidade de Bartolomeu dos Mártires, antigo arcebispo de Braga e figura de referência do Concílio de Trento (1545-1563)”, indicou a mesma nota.
Bartolomeu dos Mártires foi declarado venerável, a 23 de março de 1845, pelo papa Gregório XVI e beato, a 04 de novembro de 2001, pelo papa João Paulo II.
Frei Bartolomeu dos Mártires nasceu em Lisboa, em maio de 1514, e entrou na Ordem Dominicana em 11 de novembro de 1528, tendo sido eleito arcebispo de Braga em 1559. Morreu em Viana do Castelo a 16 de julho de 1590.
Em Viana do Castelo ficou conhecido por ter mandado construir o Convento de Santa Cruz – depois designado de São Domingos, tal como a igreja contígua – mas sobretudo pela sua dedicação aos pobres. Renunciou como arcebispo em 23 de fevereiro de 1582 e recolheu-se no convento que mandou construir em Viana do Castelo, onde morreu a 16 de julho de 1590.
Foi sempre apelidado pelo povo como o “arcebispo santo, pai dos pobres e dos enfermos” e insistiu, em vida, na deposição dos seus restos mortais naquele convento, numa altura em que a diocese local ainda não existia, sendo liderada por Braga.
A Câmara de Viana do Castelo, que também já se congratulou com a decisão do papa, promoveu em 2014, em parceria com a diocese, as comemorações dos 500 anos do nascimento do beato.
Na altura, o bispo Anacleto Oliveira, assumiu o “desejo” de ver concretizada a canonização do “santo do povo”.
“Aqui já é santo, aliás desde que ele morreu que lhe chamavam ‘santo arcebispo [de Braga]’ e ao povo ninguém lhe tira isso. Se a Igreja ouvisse a voz do povo se calhar já o teria canonizado”, disse Anacleto Oliveira em declarações à imprensa em março de 2014.
Na altura, admitiu que as “afinidades” históricas entre o beato e o papa podiam contribuir para acelerar o processo.
“O papa Francisco tem muitas, muitas, afinidades com o beato Frei Bartolomeu dos Mártires. Seria muito interessante se nós déssemos a conhecer a sua figura e obra ao papa Francisco, porque o beato foi um precursor da sua ação”, referiu na ocasião.