O presidente da Câmara de Viana do Castelo classificou hoje de “cirúrgico” o investimento de 22 milhões de euros em dois acessos a áreas empresariais, previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para “aumentar a competitividade do concelho”.
Em causa está a construção da nova travessia sobre o Rio Lima entre a Estrada Nacional 203 (EN203) – Deocriste e EN202 – Nogueira, e o acesso rodoviário da zona industrial do Vale do Neiva ao nó da Autoestrada 28 (A28), que liga Viana do Castelo ao Porto.
De acordo com o PRR, que se encontra em consulta pública até 01 de março e que vai definir como são gastos os fundos da ‘bazuca’ europeia, os dois investimentos constam da lista da componente das Infraestruturas, com uma dotação de 833 milhões de euros, sendo que para as Áreas de Acolhimento Empresarial (AAE) estão destinados 110 milhões de euros.
Em declarações à agência Lusa, o socialista José Maria Costa disse que as duas obras previstas para a capital do Alto Minho “são investimentos cirúrgicos em fatores de competitividade que vão desenvolver, aumentar toda a atividade económica do concelho”.
“Estamos numa altura crucial do nosso país em que o PRR é fundamental para a competitividade do país. O que solicitámos ao Governo, na altura própria, foi a identificação de dois investimentos estratégicos para potenciar a capacidade de atração de investimento e as exportações nacionais”, reforçou.
Segundo o autarca socialista, as duas intervenções “coadunam-se perfeitamente com os objetivos que a União Europeia definiu para a reativação da economia”.
O autarca sublinhou a importância do acesso à zona industrial de Barroselas, no Vale do Neiva, “que representa cerca de 30% das exportações de Viana do Castelo”.
“Viana do Castelo é o décimo sexto município mais exportador do país, representa 1,5% das exportações do país. Aquela zona industrial está muito mal servida de acessos e a via do Vale do Neiva vai permitir a atração de mais investimento para aquela zona industrial”, disse.
Já a nova travessia do rio Lima “vai permitir que a zona industrial de Deocriste, onde está situada uma grande empresa de papel, a DS Smith, que representa mais de 300 milhões de euros em exportações, reforce o seu investimento”.
“Esta empresa vai fazer um reforço no seu investimento, em cerca de 190 milhões de euros, aumentando significativamente a produção e esta nova travessia vai permitir ligar esta zona industrial ao nó da A27”, especificou.
A nova travessia “vai reforçar toda a capacidade industrial da antiga Europac, agora DS Smith, uma grande multinacional que representa 360 milhões de euros de exportações por ano”.
“Com este reforço a previsão é que aumentem cerca de 90%”, especificou.
Para José Maria Costa, “as duas infraestruturas são estratégicas do ponto de vista da competitividade e vão permitir não só alicerçar já a capacidade industrial, mas promover a sua ampliação e aumentar as exportações”.
“Ficamos satisfeitos por estas pretensões de Viana do Castelo terem sido incluídas no PRR porque são, de facto, duas infraestruturas que vão apoiar a atividade económica, vão criar condições para a criação de mais empresas, empregos e exportações para o país. São dois investimentos importantíssimos para os próximos anos do concelho e do país”, realçou.
Segundo o autarca, “o perfil de todas as empresas instaladas em Viana do Castelo está muito virado para as exportações”.
“Cerca de 40% do que é produzido em Viana do Castelo é para exportar. Temos um ‘superavit’ positivo na ordem dos 400 milhões de euros por ano, entre importações e exportações. Estas duas infraestruturas vão potenciar o aumento de exportações, da captação de novos investimentos, de reinvestimentos e da criação de mais riqueza”, acrescentou.
Além das duas obras previstas no PRR, o autarca destacou ainda “um outro investimento, que está a ser feito pelo Estado, no aprofundamento do acesso marítimo ao porto de mar que vai permitir aos estaleiros da WestSea, [subconcessionária dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC)] aumentar a capacidade da sua atividade económica”.
O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.