O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, teme que existam mortes desnecessárias por entre os cerca de um milhão de habitantes abrangidos pelo Hospital de Braga.
Em causa está o encerramento do serviço de urgência noturno de Gastroenterologia, encerrado na passada segunda-feira e ainda sem data prévia para ser retomado.
Em declarações aos jornalistas, no sábado, Miguel Guimarães, relembra que o hospital tem uma área de referência de mais de um milhão de habitantes, universo esse que engloba ainda doentes vindos de outros hospitais, como é o caso do de Viana do Castelo, Guimarães ou Famalicão.
“Não é possível o hospital dizer que não consegue assegurar esse serviço durante a noite para concentrar esses doentes no Santo António ou no São João (Porto), serviços que por si mesmo já se encontram saturados”, acrescentou.
Miguel Guimarães fala em possíveis mortes que podem ocorrer e que poderiam ser evitadas caso o serviço se mantenha aberto: “A intervenção dos gastroenterologistas podem salvar vidas numa janela muito curta e não é de todo aceitável que a ARS Norte permita esta transferência”.
A administração do hospital bracarense terá comunicado aos hospitais do Porto esta transferência apenas dois dias antes do encerramento, algo que levou a um manifesto de repúdio por parte de vários diretores clínicos.
Nessa carta, os diretores clínicos de diversas unidades avisam que os especialistas que se encontram nos hospitais do Porto, face ao aumento de procura depois do encerramento em Braga, podem terminar a cooperação com risco de não conseguirem atender as futuras escalas.
Segundo o hospital de Braga, esta situação é pontual e serve para rever procedimentos internos, mas ainda não existe data para o regresso do serviço noturno a Braga.