Foram dias de intensa precipitação que levaram a números bastante elevados de armazenamento hídrico nas barragens e albufeiras do rio Cávado, levando a que seja a bacia hidrográfica do Norte com maior armazenamento de água em termos de capacidade, com 93,8% de ocupação, e a segunda no país, apenas superada pelo Tejo.

Há um especial destaque para a sempre alarmante Albufeira do Alto Rabagão, que atingiu a impressionante marca dos 98,3% de preenchimento, quando a média daquela barragem é de apenas 72,2%.
Segundo os dados disponibilizados pelo Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental, além do Alto Rapagão, em Montalegre, destaca-se ainda os 97,1% da Albufeira de Venda Nova, também em Montalegre, e os 96,7% da albufeira de Paradela, em Vieira do Minho.
Acima dos 90% estão as restantes albufeiras do Cávado: Caniçada (92,5%), Salamonde (94,2%) e Vilarinho das Furnas (90,8%), esta última também bastante acima da média habitual (75,1%).
Albufeira Do Alto Rabagão | 98.3% | 72.2% |
Albufeira Da Caniçada | 92.5% | 84.0% |
Albufeira Da Paradela | 96.7% | 62.3% |
Albufeira De Salamonde | 94.2% | 80.0% |
Albufeira De Venda Nova | 97.1% | 83.9% |
Albufeira De Vilarinho Das Furnas | 90.8% | 75.1% |
Três semanas de chuva persistente
A abundância nas barragens nortenhas deve-se a três semanas de chuva persistente, conforme dá conta o relatório climático para o mês de março do centro de estudos MeteoFreixo, com sede em Ponte de Lima, classificando o mês que findou como em 215% mais chuvoso do que o normal para esta altura do ano.
De acordo com o relatório, “a precipitação do mês de março foi bastante significativa, muito próxima de 400 mm e 215% acima do normal para a época (122 mm), dando sequência aos meses anteriores (também bastante pluviosos).

Choveu o triplo
“Este março foi ainda mais pluvioso, triplicando o valor expectável”, consideram os membro do centro de estudos – José Fernandes, Gonçalo Sousa e Diana Viana -, no relatório enviado a O MINHO.
“O dia 08 de março foi muito pluvioso e motivou a intervenção da proteção civil e meios de socorro face a inundações pontuais, pequenos deslizamentos de terras e algumas estradas obstruídas ou condicionadas pela neve”, sublinham.
“Além do dia 08, também os dias 02, 07, 27 e 28 de março merecem destaque por registarem quantitativos de precipitação acumulada diária acima de 30 mm”, salienta o grupo do MeteoFreixo.
De acordo com a mesma fonte, “apenas a terceira semana foi seca (e quente), contribuindo para a absorção da chuva caída nas semanas anteriores e evitando males maiores de inundações fluviais e derrocadas”.
Três meses mais chuvosos que o normal
Para o centro de estudos limiano, no primeiro trimestre de 2024 foi verificado que “todos os meses foram mais chuvosos que o normal, embora este último (março), a anomalia positiva tenha sido muito mais significativa”.
Relativamente à temperatura, março contrariou a tendência dos dois primeiros meses muito quentes em relação à média (+ de 2ºC), sendo moderadamente fresco (- 0,5ºC).

“Como podemos observar no termograma de março, alternamos entre dias de temperatura média acima dos 20ºC, bastante acima da normal 12,3ºC mas tivemos uma predominância de dias bastante frios (e húmidos), cujas temperaturas médias foram abaixo dos 10ºC!”, realça.
“Estas variações muito grandes de temperatura, precedentes de janeiro e fevereiro mais quente que o normal, antecipando a floração mas agora a ressentir com o “frio tardio” de março que está a pôr em causa o sucesso produtivo de alguma fruticultura”, considera o centro de estudos de Freixo.
“Este “frio” de março foi particularmente evidente nos primeiros 11 dias e também na última semana do mês, também acompanhados de muita chuva e neve nas terras altas do Minho”, explica.

No entanto, realça o centro de estudos, “com efeitos significativos na fruticultura levando à floração precoce”.
“Comparativamente a fevereiro (12,4ºC), o mês de março foi mais frio (11,8ºC) e isso está a trazer complicações no desenvolvimento normal de algumas culturas hortofrutícolas”, adverte a mesma fonte ao concluir.