Os dois videntes que estão a ser julgados no Tribunal de Braga por terem burlado Lúcia F., uma mulher de 65 anos, e um empresário, ambos de Barcelos, vão depor na próxima audiência, em setembro, após as férias judiciais, para negar o recebimento dos 339 mil euros mencionados na acusação e no despacho de pronúncia.
A alegada vítima, que se diz burlada pelos dois astrólogos guineenses, um de Bissau e outro de Conacry, continuou, sexta-feira, a dizer em Tribunal que fala com o marido, falecido há 20 anos, mas garantindo que entregou 339 mil euros aos arguidos, em fatias de 20 a 30 mil euros, para que fizessem “trabalhos” que permitiriam que recebesse o prémio do Euromilhões que lhe saíra em França em 2021, num montante “muito elevado”, e que nunca havia reclamado.
A tese da alegada vítima é contestada pela defesa dos arguidos, Cote Q. (de alcunha Madi), de 32 anos, de Ermesinde, e Keita S., (conhecido como Nadi), de Vila Nova de Gaia, os quais – disse o advogado Eduardo Martingo defensor do primeiro – negam ter recebido aquela quantia e dizem que não há provas disso nem rasto do dinheiro.
A defesa pretende, ainda, demonstrar que a estória estará “mal contada” já que há outros personagens nela envolvidas e que não constam da acusação. E tentam desacreditar as declarações de Lúcia F.
Exaltou-se com os advogados
Na última audiência e com declarações algo confusas mas perentórias, Lúcia F. referiu que os dois videntes trabalhavam juntos e que lhes foi entregando quantias de 20 a 30 mil euros, mais 160 mil, pedidos de empréstimo a um empresário de Barcelos, A. Pimenta, a quem terá prometido dar um milhão quando chegasse a verba do Euromilhões.
A suposta vítima respondeu às perguntas do Ministério Público mas exaltou-se quando os advogados de defesa a questionaram sobre as entregas e o modo como obteve o dinheiro emprestado, recusando-se mesmo a responder, a não ser a questões postas pela juíza-presidente do coletivo.
A acusação diz que os astrólogos, ganharam a confiança da vítima, convencendo-a de que, através da “invocação dos espíritos”, conseguiam ir buscar o Euromilhões e multiplicá-lo.
Para tal, a vítima teria de lhes entregar dinheiro, para efetuarem «puxadas de dinheiro», multiplicando-o e chegarem ao prémio do Euromilhões.
Assim, e até 2023, a Lúcia F. entregou-lhes 102.500 euros que levantou de contas bancárias pessoais. Depois, terá entregue mais 236 mil de empréstimos vários.