Autarca de Ponte da Barca “assustado” com infestantes na barragem de Touvedo

Augusto Marinho pede intervenção urgente da APA
Barragem de Touvedo. Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

O presidente da Câmara de Ponte da Barca disse hoje estar “assustado” com a “velocidade” de propagação de infestantes na barragem de Touvedo, devido ao baixo nível das águas, exigindo a intervenção “urgente” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

“Na barragem do Alto Lindoso não temos essa indicação [da existência de espécies invasoras]. Mas na de Touvedo está a alastrar por todas as margens [erva-pinheira]. Já está no interior da própria albufeira a uma velocidade que nos está a assustar, e não estou a ver ação por parte da APA relativamente a esta questão”, afirmou o social-democrata Augusto Marinho.

Questionado pela agência Lusa sobre o aparecimento de vários detritos nas barragens de Touvedo e Alto Lindoso, face à descida do nível da água armazenada, motivada pela seca que afeta o país, Augusto Marinho reclamou a intervenção “urgente” da APA.

“É uma exigência que eu faço, com muita força. A APA tem que olhar para o que se está a passar na barragem de Touvedo. A erva-pinheira está a alastrar a uma velocidade muito grande. É responsabilidade da APA atender a esta situação. Esta espécie infestante causa danos muito grandes no ecossistema”, alertou.

A agência Lusa contactou a APA, mas ainda não obteve resposta sobre esta situação.

Segundo o autarca, a infestação por aquela espécie invasora “cria uma camada na superfície da água que impede quer a fauna como a flora de se desenvolvem”.

Realçou ainda “o impacto nas atividades náuticas do concelho, como o remo e vela”.

Augusto Marinho apelou a “um cuidado especial no tratamento” a dar à infestação por considerar que “se não for o adequado poderá estar, novamente, a potenciar problemas nas captações de água, alterando a qualidade da água”.

“Tem de ser bem estudado, e tem de se atuar. Esta espécie infestante está a alastrar com uma velocidade muito grande e a APA tem que intervir com urgência na albufeira de Touvedo”, insistiu.

“Espero que a forma de eliminar [a espécie infestante] não venha a criar algum problema na qualidade da água. É só um alerta e uma preocupação minha. Com certeza que, hoje, a tecnologia e os conhecimentos científicos que a APA tem irão resolver isso com prontidão”, observou.

O autarca ressalvou que a qualidade da água para consumo humano não está posta em causa, tal como lhe tem garantido a empresa Águas do Alto Minho, com a qual mantém contacto regular.

Augusto Marinho acrescentou que a descida do nível da água armazenada nas duas albufeiras, “para valores nunca assistidos”, deixou espalhados pelas margens do rio Lima, à vista desarmada, vário tipo de detritos como viaturas, pneus e eletrodomésticos, entre outros.

“Tem de haver uma responsabilização por parte da EDP para fazer a limpeza, não só desse lixo, mas também avaliar a matéria orgânica que ficou nas margens que agora estão visíveis. Era importante estudar o impacto ambiental que estas oscilações podem causar. O lixo é uma questão que me preocupa, com toda a certeza, até porque a jusante temos captações de água para consumo humano. No entanto, é importante aproveitar este facto infeliz [seca] para fazer a limpeza das margens e um estudo de impacto ambiental”, observou.

“A APA é a entidade que tem a competência de acompanhar a exploração de energia elétrica por parte da EDP. Tem de fazer um trabalho mais próximo da EDP e dos municípios”, disse, referindo-se às “preocupações” que tem vindo a manifestar relativamente ao “caudal mínimo ecológico”.

“Gostava de estar confiante de que é suficiente [caudal ecológico], tal como os limites mínimos que são debitados pela albufeira de Touvedo, porque temos muitos constrangimentos no nosso rio [Lima]. Ou corre muito baixo ou sobe repentinamente. A gestão é feita em função das necessidades energéticas, mas é importante atender [ao facto] de que a barragem de Touvedo é de contenção. Também produz energia elétrica, mas a sua primeira função é regular o caudal do rio [Lima]”, sublinhou.

A albufeira da barragem hidroelétrica do Alto Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respetivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

A barragem foi projetada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia elétrica.

Tal como já tinha acontecido em anos anteriores, os baixos valores de armazenamento de água voltaram a trazer à luz dia a aldeia de Aceredo, no concelho galego de Lobios (Espanha).

Em 1992, com a construção da barragem pela EDP, aquela aldeia foi submersa pelas águas, fazendo desaparecer cerca de 40 casas, ocupadas na altura por cem habitantes, além de vários hectares de produção agrícola.

Com esta descida histórica do nível da água, Aceredo ressurgiu e, nos últimos meses, tornou-se local de visita de portugueses e galegos.

 
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