A Associação dos Amigos do Caminho Português de Santiago, dinamizada por galegos e minhotos, está a celebrar 30 anos de existência, mas após o êxito desse percurso, que parte da Sé do Porto, está já a dinamizar-se, dos dois lados da fronteira, um outro, o Caminho da Geira e dos Arrieiros, ao mesmo tempo que se reformula o Albergue da Virgem Peregrina, em Pontevedra.
Em três décadas, um grupo de cerca de meia centena de voluntários, liderados por Celestino Lores Rosal, que é carinhosamente tratado por Tino Lores, conseguiu colocar no topo das preferências dos peregrinos o principal caminho português, daí chamado só Caminho Português, apenas superado pelo imbatível Caminho Francês, registando mais de 150 mil pessoas, no ano de 2022.
Celestino Lores é o presidente
A Associação dos Amigos do Caminho Português de Santiago é presidida por Celestino Lores, que atualmente está também a reformular o Albergue de Pontevedra, na capital daquela província da Comunidade Autónoma da Galiza, esperando-se ter as obras concluídas o mais tardar até ao dia 24 de julho, o que coincide com as Grandes Festividades de Santiago de Compostela.

Como não podia deixar de ser, Braga teve sempre um papel primordial em toda a rota jacobeia, mas nos últimos anos, graças à Associação Espaço Jacobeus – Confraria de São Tiago, precisamente sediada na cidade dos arcebispos, tem vindo ao de cima a realidade histórica que o Minho e a Galiza, com identidade comum, num intercâmbio permanente, entre Portugal e Espanha.
Depois de ter sido redescoberto o milenar Caminho Português, que parte da Sé Catedral do Porto e tem várias alternativas até chegar a Santiago de Compostela, a localização estratégica de Pontevedra, numa fase em que o cansaço se apodera de muitos peregrinos, o Albergue da Virgem Peregrina, em Pontevedra, constituiu-se o porto abrigo e local de paragem quase obrigatória.
Caminho da Geira
Face à dificuldade de muitos peregrinos percorrerem consecutivamente muitas dezenas de quilómetros, em parte do percurso em condições mais inóspitas, levou a Associação dos Amigos do Caminho Português a inovar uma vez mais nos seus métodos, tendo criado mais recentemente as peregrinações por etapas, como está a acontecer com o Caminho da Geira e dos Arrieiros.
Este que é tido como o nono caminho português, segue uma grande parte da Geira Romana que outrora ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), em que a partir da Portela do Homem, no Gerês, é mais conhecida, não por Geira, mas por Via Nova, tem a particularidade de atravessar as zonas mais paradisíacas do Parque Transfronteiriço Gerês/Xurés, reserva mundial de biosfera, decretada pela UNESCO, para além de ter a maior concentração de marcos miliários (romanos) do mundo.

A Geira, ou Via Nova, afinal a Via XVIII, é caso exemplar da engenharia militar romana, que edificou uma das suas estradas na Península Ibérica, permitindo contornar, quase sempre por caminhos de meia encosta, as alturas das várias serras por onde passa, principalmente a Serra do Gerês, sendo o reconhecimento oficial do Caminho da Geira e dos Arrieiros o grande objetivo.
Uma vida dedicada aos Caminhos de Santiago
Celestino Lores Rosal, de 72 anos, nascido no ano de 1950, em Pontevedra, na Galiza, é licenciado em Geografia e História, pela Universidade de Santiago de Compostela, em junho de 1972, para além de ser diplomado em Turismo pela Universidade Nacional de Ensino à Distância (UNED), em junho de 1996, com Estudos de Direito pela Universidade de Santiago de Compostela, entre 1973 e 1976, dedicando-se a fazer as pontes com estudiosos de todo o mundo em torno de Santiago.
Tino Lores, como é conhecido entre os peregrinos a Santiago de Compostela, é também presidente da Fundação do Caminho de Santiago, presidente da Confraria do Apóstolo Santiago de Pontevedra e presidente da Associação Europeia dos Caminhos de Santiago, dedicando-se diariamente ao Albergue da Virgem Peregrina, em Pontevedra, entre várias outras funções jacobeias.
É irmão maior da Junta Diretiva da Arquiconfraria Universal do Apóstolo Santiago e ainda membro da Confraria O Cavaleiro das Conchas, sediada em Bouças, na cidade de Vigo, procurando corresponder às muitas solicitações em torno do fenómeno das peregrinações a Santiago de Compostela, que atraem peregrinos de todo o mundo, diariamente, até à ímpar catedral galega.