Um casal de ‘vacas-louras’ macho (Lucanus cervus) foi avistado e registado durante a tarde desta quarta-feira por um apicultor, enquanto tratava de um apiário, em Aboim da Nóbrega, concelho de Vila Verde.
Este casal encontrava-se junto a uma colmeia e, segundo o apicultor, Domingos Costa, tentavam entrar para dentro da mesma. O insecto deslocou-se depois para uma árvore, um carvalho-alvarinho, arboredo autóctone do interior minhoto, local onde costuma ser mais avistado.
Considerado um ecossistema sensível por só existir na Península Ibérica e no Norte de África, a vaca-loura é rotulada como uma espécie protegida e “quase ameaçada” pela UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza. Os machos, com mandíbulas em forma de pinça, chegam a medir 5,3 centímetros, sem contar com as mandíbulas. Com estas, podem atingir os oito centímetros.
Já as fêmeas são mais pequenas, podendo atingir os 4,1 centímetros, são mais brilhantes e têm o tórax mais negro e o abdómen e as pinças acastanhadas.
Este escaravelho, o de maior dimensão em Portugal, tem sido alvo de um cadastro a nível nacional através do projeto VACALOURA.pt, coordenado pela Associação Bioliving em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, com a Sociedade Portuguesa de Entomologia e com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Segundo os autores do projeto, o objetivo do mesmo passa por “compilar e organizar informação enviada pelos cidadãos sobre a distribuição e estado das populações da Vaca-Loura e dos restantes escaravelhos da família Lucanidae em Portugal, de forma a colaborar na Rede Europeia de Monitorização da Vaca-Loura que por sua vez pretende averiguar o estado de conservação desta espécie na sua área de distribuição”.
O projeto tem uma forte componente de educação ambiental, para disseminar e sensibilizar para a importância da madeira morta nos ecossistemas florestais, da biodiversidade associada a estes habitats e de como é possível ajudar a conservar estes ecossistemas através da ajuda do cidadão comum.
Curiosidades
Segundo o site Vacaloura.pt, esta espécie depende de árvores antigas, de folha caduca como o carvalho-alvarinho ou o castanheiro, árvores autóctones da região interior do Minho.
Normalmente encontram-se nos ramos altos das árvores e podem ser predados por aves devido ao seu elevado valor nutritivo, refere o mesmo portal.
Ciclo de Vida
As larvas de vaca-loura vivem nas raízes de árvores antigas durante mais ou menos 3 anos, onde se alimentam de madeira morta. Ao fim dos três anos, o macho sofre a metamorfose e vive durante um mês, acasalando e morrendo de seguida.
Geralmente aparecem na primavera tendo o pico de atividade durante os meses de junho e julho. Já as fêmeas são vistas até setembro, pois sobrevivem mais tempo de forma a colocar ovos para assegurar a continuidade da espécie.