O ministro da Defesa mostrou-se na segunda-feira “cansado” do comportamento e das “tendências doentias” do presidente da Câmara de Viana do Castelo relativamente ao processo de subconcessão dos estaleiros navais da cidade ao grupo Martifer.
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“Estou um bocado cansado porque há situações que já assumem natureza patológica, de tendências doentias para a confusão”, afirmou Aguiar Branco, na segunda-feira à noite, numa conferência promovida pelas distritais do PSD e do CDS de Viana do Castelo, numa referência implícita às posições assumidas pelo socialista José Maria Costa.
O presidente da Câmara anunciou na segunda-feira que vai pedir a reabertura das investigações ao processo de subconcessão dos estaleiros da cidade à empresa Martifer, por considerar que o Governo “não defendeu o interesse nacional”.
A decisão surge na sequência da confirmação, por Bruxelas, de que Portugal nunca invocou a proteção de interesses nacionais de segurança para justificar ajudas de Estado aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).
Sem nunca se referir ao socialista José Maria Costa, o ministro da Defesa classificou ainda de “cena patética” o episódio protagonizado pelo autarca, em janeiro de 2014, quando se deslocou a Lisboa para colocar uma coroa de flores na mesa onde Governo e o grupo Martifer assinaram o contrato de subconcessão dos ENVC, “pela morte dos estaleiros navais”.
“Todos assistiram na televisão, a uma situação no mínimo patética”, afirmou.
Aguiar Branco disse que os ENVC “não só não morreram como renasceram”, lamentando ainda que em maio passado, quando Passos Coelho visitou a empresa para assinalar um ano de subconcessão à WestSea, o autarca tenha “tentado ficar na fotografia, ao lado do primeiro-ministro, a brindar ao futuro da construção e da reconstrução naval, e da WestSea como nova realidade a explorar os ENVC”.
Adiantou ter dito “sempre” que o objetivo do Governo “era salvaguardar a construção e reconstrução naval em Viana do Castelo, assegurar o maior número de postos de trabalho”, adiantando que atualmente 80% dos atuais trabalhadores foram recrutados entre os antigos funcionários dos ENVC.
Durante mais de meia hora de intervenção no âmbito da conferência “Reforçar e Defender a Soberania no Estado de Direito” Aguiar Branco fez o balanço das reformas na Defesa garantindo que a “verdadeira” foi feita ao nível “das mentalidades”.
“Hoje estamos todos mais realistas, estamos todos com a consciência de que o grande tema que vai estar em discussão em outubro é o tema relacionado com o rigor, a credibilidade com a capacidade de gerir com mais cuidado os dinheiros públicos e menos as promessas que naveguem em função do sentido de oportunidade. Isso vai fazer a diferença no resultado”, disse.
A iniciativa partidária contou ainda com a participação da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz e do secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida.