Advogado e empresário que burlaram treinador de Barcelos serão julgados em Guimarães

Jorge Maciel queixa-se de burla de 65 mil euros

O Tribunal de Guimarães confirmou, esta quinta-feira, que o julgamento de dois arguidos pronunciados pelo crime de abuso de confiança e falsificação por alegadamente terem burlado os treinadores de futebol, Jorge Maciel, atualmente adjunto do Lille FC de França, bem como Baltemar Brito e José Moreira, será feito num dos seus juízos criminais.

O julgamento esteve marcado para 29 de novembro, mas foi adiado – pela segunda vez – dado que a advogada de defesa Ana Quintino entregou um requerimento ao processo no qual sustentava que o tribunal é territorialmente incompetente para julgar o caso, uma vez que os alegados crimes não se cometeram em Famalicão.

Esta tese foi contrariada pela advogada Mariana Agostinho, – do escritório de João Magalhães – que representa Jorge Maciel, e que defendeu que foi o Tribunal de Famalicão quem recebeu a primeira notícia dos supostos crimes, pelo que, e nos termos do Código de Processo Penal, é na comarca de Braga, no caso no Juízo Central Criminal de Guimarães, que o caso deve ser julgado.

Por este motivo, o coletivo de juízes suspendeu sine die o início das audiências.

Agora, o coletivo deu um despacho, dizendo que se depreende dos presentes autos principais que estes tiveram origem com a participação apresentada em 2015 no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Famalicão e os dois inquéritos que lhe foram apensados, iniciaram-se com a participações no DIAP de Famalicão e da Maia, respetivamente.

E conclui: como o crime mais grave, o de falsificação foi participado em Famalicão, o tribunal competente é o de Guimarães, já que Famalicão não tem juízo central criminal.

Advogado e empresário de futebol

Conforme O MINHO noticiou, o Tribunal de Instrução de Guimarães pronunciou, para julgamento, em março, o advogado Duarte Costa e o empresário de futebol Rodolfo Filipe Vaz. O jurista será julgado pela prática, em coautoria e concurso efetivo, de um crime de abuso de confiança agravado, um de burla qualificada, quatro crimes de falsificação de documento agravado e três crimes de prevaricação de advogado.

Já o empresário vai pronunciado por, em coautoria e concurso efetivo, um crime de abuso de confiança agravado e um de burla qualificada.

No pedido de abertura de instrução, os dois arguidos alegaram que a matéria de facto apurada não permitia que lhes fossem imputados pela acusação, em simultâneo, os crimes de burla e de abuso de confiança, tese que o juiz não aceitou, dizendo que “os arguidos se apropriaram de quantias monetárias legitimamente entregues pelos ofendidos e não lhes deram o destino previsto (crime de abuso de confiança), bem receberam outras enganando os ofendidos (crime de burla)”.

Acusação

Como avançou O MINHO, o Ministério Público do Tribunal de Famalicão concluiu que os dois terão burlado os treinadores em 14 mil euros, em honorários e emtraduções e, ainda, de 4 mil francos suíços, (3240 euros) que lhes pedira de taxa de justiça da FIFA, para a entrada de uma petição contra o clube líbio All Itthiad Sports Cultural Club, de Tripoli.

Só que a queixa na FIFA nunca entrou, nem este organismo cobra taxas por ações semelhantes. Quanto às traduções, não existiram e o advogado limitou-se a negociar com os líbios, à sua revelia.

Adjunto no All Itthiad

Em 2013, a equipa técnica – com Baltemar Brito como treinador principal – aceitou convite para treinar o All Itthiad, função que assumiram durante quatro meses, tendo sido despedidos sem causa.

No All Itthiad, Jorge Maciel “apoiava o técnico principal na comunicação com os atletas, nas listas de convocados, de reforços e servia de escudo face à comunicação social”.

Em 2014, já em Portugal, através do Rodolfo Vaz, o trio contactou Duarte Costa que lhes pediu aquelas verbas e disse ter metido uma ação na FIFA, tendo mesmo, em dezembro, informado que o clube já teria sido citado para contestar.

Em outubro de 2014 remetera-lhe uma decisão favorável da FIFA, por e-mail, condenando o clube ao pagamento de 72 mil a Jorge Maciel, vindo, depois, a anunciar que fizera um acordo com os líbios por 65 mil euros. Dinheiro que nunca chegou e a decisão da FIFA era falsa.

 
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