O Ministério Público do Tribunal de Braga acusou 29 pessoas, em dois processos diferentes, por tráfico de droga na cidade. Num, acusa 16 pessoas e noutro 13. Ao todo, a investigação detetou mais de 500 vendas. E mostra o mapa dos locais onde se trafica…
Os julgamentos por tráfico são frequentes na comarca de Braga. este momento está a decorrer um com 27 arguidos. A partir de Braga, o produto chegava também a Amares, Barcelos, Terras de Bouro, Vila Verde, Póvoa de Lanhoso, e mesmo a Vila do Conde, Póvoa de Varzim, e Famalicão.
Os vendedores – disse fonte da PJ/Braga – vão buscá-la ao Porto, outrora ao bairro do Aleixo, hoje a zonas com características idênticas. Em alguns casos, a droga vem da Galiza. Em Braga, alguns dos fornecedores dão pelas alcunhas de Ciga e Xuxu.
Até agora, era nos bairros sociais de Santa Tecla, Picoto e Enguardas que os consumidores se abasteciam. Mas – a crer no MP – a venda expandiu-se pela cidade: o principal foco do negócio era – no processo com 18 arguidos – o parque de estacionamento da loja De Borla (ao lado do cemitério), na envolvência dos bares da Sé, no largo fronteiro aos Bombeiros Voluntários, na zona dos bares da UMinho, perto da pastelaria Bracarum, numa área erma de Montariol, e ao lado do pelourinho, na Cividade. Por vezes, as vendas eram feitas nos autocarros que circulam entre Braga e Vila Verde.
Maximinos e Ferreiros
A segunda acusação aponta as zonas de Maximinos e de Ferreiros, mormente junto a cafés e pastelarias, à Escola Frei Caetano Brandão, ao pavilhão desportivo de Ferreiros, ao estacionamento do Leclerc, no Parque Radical ou perto da loja dos CTT e da estação de comboios.
Recorriam ainda, de noite, às gasolineiras da Repsol, da BP, ao parque do Continente e às zona de Gualtar e de Gondizalves. Iam, também, ao bairro das Parretas e esteendiam-se a Martim e Pousa, em Barcelos.
Para além dos telemóveis, recorriam às redes sociais, ao Messenger, Instagram, Whatsapp, Snpachat, e Telegram.
A acusação diz que vendiam canábis (resina) , heroína, cocaína e MDMA (ecstasy), para consumo ou revenda.
O MP aponta dois arguidos, em cada caso, como os fundadores de redes que se expandiram:
Gonçalo Martins, de Braga, que vendeu drogas entre 2014 e 2018, tinha como parceiro, Carlos Oliveira.
No caso de Maximinos, diz que Ricardo Antunes, ali residente, traficou durante 18 anos, entre 2001 e 2019, com apoio de cinco outros arguidos, em particular de Tiago Fernandes.
Este adquiria, também, produto a Pedro Sampaio, de Guimarães.Ao todo, a investigação detetou mais de 500 vendas – por cinco a 10 euros, em regra, mas, que podiam chegar aos 80 no caso de barras -, tendo elencado.
Ao telefone, usavam linguagem codificada, com expressões como “tomar café, beber um fino, traz tabaco, ou arranja peixe”, “bilhetes para o Sporting”, chocolate, xoco, terrinha, etc.
Em ambos os processos, o jurista João Ferreira Araújo defende um dos principais envolvidos. Ao longo da vida já fez dezenas de julgamentos de tráfico…
Investigação da GNR
O MP constatou que Gonçalo Martins vendeu em Amares, nomeadamente junto ao rio em Figueiredo, do estabelecimento «Soccer place», em Besteiros, e do café Variações, em Ferreiros. Transacionou, ainda, por 18 vezes, perto da escola secundária.
A investigação foi feita pelo NIC (Núcleo de Investigação Criminal) da GNR da Póvoa de Lanhoso que fez dezenas de escutas telefónicas, e vigilâncias, com captação de imagens.
O primeiro processo tem 31 militares da GNR como testemunhas, e 130 consumidores.
O de Maximinos envolve 48 guardas, quatro deles da PSP, e 165 outras testemunhas. Sete arguidos estão em prisão preventiva. Aquando da detenção dos principais arguidos, a GNR apreendeu drogas e quatro carros, telemóveis, tablets, computadores, drogas, dinheiro, munições e artefactos ligados ao tráfico.
O MP quer que sejam declarados como perdidos a favor do Estado. Para além das escutas, das imagens de vigilância, e dos autos de buscas domiciliária, o processo conta com dezenas de testemunhas.