Dois dos ex-vereadores do PSD evidenciaram pouca memória, na sessão da tarde desta segunda-feira do julgamento de Mesquita Machado e de outros elementos do anterior executivo socialista acerca da denúncia criminal, complicando bastante a tarefa da magistrada do Ministério Público, a quem se queixaram, no dia 17 de maio de 2013, contra os seus colegas do PS.
Serafim Rebelo, antigo vereador do Partido Social Democrata, não se recordava sequer do teor da denúncia criminal que subscreveu com os seus colegas do PSD e afirmou até, face às insistências da procuradora do MP, Carla Barros, que só o fez “por solidariedade política” com os elementos do seu partido, na Câmara Municipal de Braga.
“Não me lembro daquilo que assinei, para enviar ao Ministério Público, mas se está aí a minha assinatura, devo ter lido primeiro aquilo que subscrevi”, afirmou Serafim Rebelo, perante a estupefação das magistradas que estão a julgar o processo, que o advertiram, a propósito, “para as suas responsabilidades”, com a comunidade enquanto eleito político.
De acordo com Serafim Rebelo, as suas discordâncias eram “meramente políticas face à vontade de Mesquita Machado em construir a nova Pousada da Juventude no Quarteirão das Convertidas, mas concordava com os socialistas que deveria ser instalada no centro da cidade não no Convento de São Francisco, em São Frutuoso de Montélios, Real, tal como a outra ex-vereadora esta segunda-feira inquirida, Filomena Bordalo, que lamentou “sabendo já aquilo que sei hoje, o nosso voto contra a Pousada da Juventude, não ter sido na ocasião acompanhado de uma correspondente declaração de voto até para ajudar este processo”.
As constantes dúvidas de ambos os ex-vereadores do PSD acerca dos motivos concretos que os levaram a fazer uma denúncia criminal e conduziram ao atual julgamento devido a alegados crimes de abuso de poder e participação económica dos ex-vereadores do PS, levaram não só a magistrada do MP, tal como como a própria juíza-presidente, Patrícia Madeira, a questionar se “assinavam de cruz documentos tão importantes”, como queixa criminal contra colegas do executivo camarário, afirmando ambos os ex-eleitos do PSD que “na altura confiamos em Ricardo Rio”, o que consideraram “suficiente” para assinar a queixa-crime que ambos garantiram sob juramento não terem sequer subscrito o texto.
Filomena Bordalo admitiu às magistradas que não sempre terá acompanhado o dossier e o andamento junto dos serviços camarários e ainda no executivo do chamado processo das Convertidas, justificando que “algumas vezes pedi a suspensão do mandato”, só que em termos políticos “votei sempre em consciência”, apesar de ter admitido que “apesar do caso ser questionado nos jornais nunca foi debatido no seio do executivo camarário”.