O principal arguido num processo de casamentos por conveniência entre turcos e portuguesas, que hoje começou a ser julgado no Tribunal de Braga, assumiu que intermediou o “esquema” mas alegou que apenas quis ajudar os seus compatriotas.
Aquele arguido, um cidadão turco de 63 anos, disse que sabia que alguns compatriotas seus queriam casar com portuguesas para irem viver para Portugal, por ser um país “mais calmo e mais simpático”, e predispôs-se a ajudá-los a encontrar noivas.
As noivas, acrescentou, eram angariadas por uma mulher portuguesa também arguida no processo.
“Eu não conhecia as noivas”, referiu.
Disse ainda que o seu papel seria “intermediar” o esquema e ajudar de tratar da papelada e da logística dos “casamentos”, como as viagens das noivas, que tinham de ir casar à Turquia.
Funcionaria ainda como intérprete para ultrapassar algumas dificuldades de comunicação entre os nubentes e acompanhava as noivas nas deslocações à Turquia.
Disse-se arrependido e pediu desculpa ao tribunal pelo tempo que lhe está a “fazer perder”.
Segundo a acusação, deduzida pelo Ministério Público, aquele arguido ganhou cerca de 10 mil euros com estes casamentos “forjados”.
Outro arguido, também turco, disse que pagou para casar um sobrinho curdo com uma portuguesa, de modo a que ele pudesse sair do seu país, uma vez que ali correria risco de vida.
Neste processo, são arguidos sete homens turcos e duas mulheres portuguesas, todos acusados da prática de crimes de casamento por conveniência, celebrados unicamente para que aqueles cidadãos estrangeiros obtivessem título de residência na União Europeia.
Segundo a acusação, os arguidos, entre janeiro de 2014 e setembro de 2015, “intermediaram, promoveram e organizaram a realização de seis casamentos de cidadãs portuguesas com cidadãos turcos, um dos quais não veio a realizar-se por razões alheias à vontade dos arguidos”.
A acusação acrescenta que dois dos arguidos decidiram providenciar, a troco de pagamento que fixavam, pela realização de casamentos de mulheres portuguesas com cidadãos turcos, “que nisso estavam interessados unicamente com o objetivo de assim obterem título de residência na União Europeia”.
Contaram com a colaboração de uma das arguidas, que lhes arranjava mulheres dispostas a deslocarem-se à Turquia, recebendo 500 por cada uma.
Na Turquia, eram celebrados os casamentos, recebendo as falsas nubentes uma contrapartida entre 2000 e 2500 euros.
As noivas eram sempre pessoas com grandes dificuldades económicas, sendo “recrutadas” em bairros sociais de Braga e Porto.
O esquema foi desmantelado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, na sequência de uma investigação que incluiu dezenas de escutas telefónicas, tidas como provas fundamentais no processo.
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