“Santa Casa de Braga quer pôr-me no olho da rua sozinha com a minha filha”

Odete Silva vive com a filha de 18 anos
"santa casa de braga quer pôr-me no olho da rua sozinha com a minha filha"
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

A funcionária da Santa Casa da Misericórdia de Braga que se encontra de baixa médica e foi já notificada pela instituição para deixar o apartamento arrendado por aquela instituição de caridade, até esta segunda-feira, afirmou que não deixará a casa.

Odete Silva recebeu uma carta registada com aviso de receção a dizer que se opunham à renovação do contrato, sem qualquer explicação do motivo, por ser um direito do senhorio.

Mas Odete Silva revelou este domingo a O MINHO não ter “para onde ir morar” com a sua “filha de 18 anos”, continuando a pagar a renda mensal de quase 500 euros.

“A Santa Casa da Misericórdia de Braga quer pôr-me no olho da rua sozinha com a minha filha. Devolveu-me o dinheiro da mais recente renda de casa que paguei, tendo sido o próprio provedor, senhor doutor Bernardo Reis, a assinar um ofício a reiterar que tinha de sair já de casa”, afirmou Odete Silva.

No referido ofício, em cujo título é “devolução de pagamento indevido”, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, começa por referir à funcionária e inquilina, que “certamente por lapso, esquecimento ou eventualmente por transferência automática programada transferiu para esta instituição a verba de 447,65 € [renda de casa], que não nos é devida”.

Ainda segundo o provedor daquela instituição de caridade, “como deve estar recordada, o contrato de arrendamento celebrado com Vossa Excelência termina no próximo dia 30 de junho de 2025, em virtude da oposição à renovação, de que foi Vossa Excelência oportunamente comunicada”, pelo que o dinheiro da renda foi devolvido.

Ficou viúva no início do ano

Maria Odete Cristóvão da Silva, de 46 anos, tem uma filha de 18 anos, com quem vive desde o falecimento do companheiro, de 42 anos, natural de Vila Verde, na noite de 19 de fevereiro de 2025, no apartamento do Bairro da Misericórdia, em Braga, tendo sido intimada a deixar a casa até 30 de junho de 2025, esta segunda-feira, por não renovação do contrato de arrendamento.

O facto de Maria Odete Cristóvão da Silva ser funcionária e arrendatária de um apartamento na zona do Bairro da Misericórdia, em Braga, segundo a mesma, tem a ver com um acordo verbal que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, fez consigo, “para agilizar a viabilidade de poder trabalhar no período noturno, o que mais ninguém pretendia”.

Odete da Silva residia então em Vila Verde, não havendo transportes públicos durante madrugada entre Braga e Vila Verde, o que permitiu, segundo a trabalhadora, “corresponder às necessidades da instituição, ficar sozinha a tomar conta de dezenas de idosos que residem no Lar Nevarte Gulbenkian, até certa altura as coisas correram normalmente, mas depois precipitaram-se”.

“Nunca esperei viver esta situação, que é lamentável, porque trabalhei sempre, cumpri ao máximo, tinha uma ideia diferente do senhor provedor, recentemente agraciado pelo santo Papa Francisco, com uma medalha da Santa Sé, assinando uma carta, que na prática é ‘despejo’ do apartamento, bem sabendo que eu e a minha filha não temos para onde ir”.

O MINHO voltou a contactar esta semana todos os responsáveis da Santa Casa da Misericórdia de Braga visados, para darem, querendo, a sua versão, mas nenhum respondeu aos sucessivos envios de emails institucionais (nem aos gerais, nem aos diretos) e de emails pessoais, nem respondeu às mensagens para os seus telemóveis, nem nunca atenderam as tentativas de telefonemas.

 
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