Tudo o que se sabe sobre a quadrilha albanesa que fez assaltos de 2 milhões no Minho

Fotograma de assalto cometido pela quadrilha no Minho. Foto: DR

A GNR de Braga e a Guardia Civil de Pontevedra desarticularam o setor recuado de uma quadrilha que fez assaltos no Minho com o valor de dois milhões de euros e que anteriormente tinha sido desmantelada e dois dos três assaltantes condenados em Braga.

No âmbito da operação conjunta Gerbera-Arvoredo, coordenada pela Europol, GNR e Guardia Civil desmantelaram há uma semana, em Valência, Espanha, o recuo de um grupo criminoso internacional, dedicado a assaltos numa vasta zona do Minho.

Em causa o grupo em que aquando do cerco, em Vila Nova de Cerveira, um dos três assaltantes albaneses fugiu numa viatura da GNR, que levou consigo uma pistola-metralhadora MfG&Thomet AG 9mm e uma shot-gun Fabarm 12mm, ambas da GNR.

Armas especiais roubadas à GNR em Vila Nova e Cerveira. Foto: DR
Armas especiais roubadas à GNR em Vila Nova e Cerveira. Foto: DR

A Guarda Civil de Pontevedra realizava então simultaneamente, desde há algumas semanas, um trabalho conjunto com a GNR de Braga, através de ordem europeia de investigação entre Espanha e Portugal, recuperou as armas da GNR já em Tui.

A operação conjunta teve início em novembro de 2021, após ter sido detetado um aumento considerável na prática de assaltos com violência no interior de casas habitadas, na região do Minho, designadamente em Braga, em Esposende e em Famalicão.

Em fevereiro de 2022, procedeu-se à primeira fase da operação policial, com a realização de uma busca domiciliária numa quinta na área de Rosal, da província de Pontevedra, na Galiza, do Reino de Espanha e a detenção de dois homens de origem albanesa, Edi Gjonaj e Artur Zisko em Vila Nova de Cerveira, tendo então Desard Marku conseguido fugir logo para a Galiza.

Carro dos assaltantes filmado na Galiza pela Guardia Civil. Foto: DR

O Tribunal de Braga condenou a 14 anos de prisão efetiva Edi Gjonaj, enquanto o seu compatriota, Artur Zisko, teve 12 anos de prisão efetiva, por este não ter cadastro por crimes da mesma espécie cometidos em Portugal, segundo determinou o acórdão.

De acordo com o juiz-presidente, aquando do acórdão, proferido em março de 2023, caso não houvesse necessidade legal de fixar um cúmulo jurídico (somatório abstrato das penas), tais penas seriam de mais de meio século a cada um dos dois arguidos.

A quadrilha, desmantelada pela GNR de Braga, primava pelo seu alto profissionalismo e tinha como ponto de honra nunca exercer qualquer tipo de violência, aliás, sempre com os locatários ausentes, um dos quais é procurador do Ministério Público.

O grupo foi condenado por se provar ter cometido assaltos no valor total de mais de meio milhão de euros, entre finais de 2021 e inícios de 2022, tendo num dos casos sido levado um cofre, às costas, com 100 mil euros, em Aveleda, no concelho de Braga.

Além do magistrado do Ministério Público, que reside na zona do Bom Jesus, foram vítimas da quadrilha vizinhos do antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, que se encontra em prisão domiciliária, na Quinta do Assento, em Gondizalves, Braga.

Segunda operação há uma semana

Pesquisas de informação realizadas pelos dois órgãos de polícia criminal permitiram traçar um perfil dos membros do grupo que estabeleceram residência em Espanha, para cometerem os assaltos, baseados no município raiano de O Rosal (Pontevedra).

Os elementos do grupo tinham sua base numa casa localizada numa região rural com diversas possibilidades de acesso e saída, o que facilitava ocultação e fuga, sendo que para se movimentarem, os indivíduos, utilizavam veículos, previamente roubados, com matrículas falsas, quer espanholas, quer portuguesas, que trocavam sempre em poucos segundos nos dois países ibéricos.

Os assaltos foram todos cometidos na região do Minho, em Portugal, tendo sido as residências previamente escolhidas, cujo foco visava joias em ouro, dinheiro e roupas ou acessórios de marcas sofisticadas, arrombando para esse efeito eventuais cofres existentes, deslocando-se a mais de 100 quilómetros de distância para a prática dos assaltos, sempre entre a Galiza e o Minho.

Os suspeitos escondiam o produto dos roubos e as ferramentas usadas para cometer os crimes, numa zona arborizada na localidade de Vila Nova de Cerveira, demonstrando, pelo modus operandi, grande profissionalismo e agilidade, daí o nome de código da operação conjunta, Gerbera-Arvoredo, tendo sido o valor total dos bens furtados superior aos dois milhões de euros.

Nesta primeira fase, foram detidos dois indivíduos de origem albanesa kosovar com um extenso histórico criminal, tendo sido presentes a primeiro interrogatório judicial, onde lhes foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva, bem como foram apreendidos vários objetos como joias, acessórios de luxo, dinheiro, equipamentos informáticos, um inibidor de frequência, walkie-talkies, ferramentas e dois veículos, segundo refere um comunicado da Guarda Civil de Pontevedra, enviado a MINHO.

Após a emissão de diversas ordens de investigação europeias, por autoridades judiciais de Portugal e Espanha, executadas pela Guarda Nacional Republicana e pela Guardia Civil, e uma análise exaustiva da documentação, conseguiu-se apurar a existência de duas pessoas cúmplices na província de Valência, tratando-se dos indivíduos que lhes forneciam apoio logístico e documental, facilitavam o alojamento aos suspeitos através do arrendamento de estadia temporária e da cedência de veículos.

No seguimento desta complexa operação, no dia 10 de abril deste ano, com o apoio da Europol, militares da GNR do Comando Territorial de Braga e do Grupo Patrimonial da Guardia Civil de Pontevedra, executaram, entretanto, segunda fase da operação, tendo em vista a busca de uma habitação e a identificação, na província de Valência, de duas mulheres, como cúmplices na atividade do grupo criminoso, como refere, entretanto, outro comunicado, mas este da GNR, emitido sobre o  mesmo processo.

Desta segunda operação, realizada em Valência, resultou ainda a apreensão de diversos documentos fundamentais para o processo, telemóveis, equipamento informático, bem como cerca de seis mil euros em notas, confiscados em vários valores que se encontravam divididos e escondidos numa das habitações alvo das buscas conjuntas da Guardia Civil e da GNR/Braga.

Como resultado final da operação, este grupo criminoso internacional, dedicado à prática de roubos em habitações, foi o grupo criminoso considerado definitivamente desmantelado, segundo um comunicado difundido pela Guarda Nacional Republicana.

Esta operação contou com a participação do Tribunal Judicial da Comarca de Braga (Departamento de Investigação e Ação Penal/DIAP do Ministério Público de Braga) do Ministério Público de Pontevedra (Secção de Cooperação Internacional), do Tribunal de Primeira Instância e Instrução 1 de Tui, do Tribunal de Instrução 20 de Valência, bem como de meios da Europol.

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