Investimento de dois milhões para travar avanço do mar em Esposende, Vila do Conde e Póvoa de Varzim

Obras para mitigar erosão costeira arrancaram hoje
Foto: Divulgação / CM Esposende

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) formalizou hoje o arranque de três obras no litoral norte, com um valor global de quase dois milhões de euros, para proteger as populações e as infraestruturas do fenómeno da erosão costeira.

As intervenções, que vão ter lugar na praia de Ofir, em Esposende, em Vila do Conde, na freguesia de Árvore, e na Póvoa de Varzim, na freguesia de Aguçadoura, ambas no distrito do Porto, arrancam no imediato, mas têm prazos e graus de complexidade diferentes.

A obra na praia de Ofir, em Esposende, consiste na reparação de um geotubo que se desgastou e com o reforço, com areia, de toda estrutura colocada para travar o avanço do mar, num investimento de 133 mil euros, com a duração de 30 dias.

“A empreitada visa minimizar os impactes resultantes da forte agitação marítima que provocou a perda do areal e modificou o seu perfil. Para além disso, fruto de uma menor dinâmica do transporte sedimentar neste troço, a praia de Ofir apresenta também fortes sinais de erosão que é visível nos geotubos ali existentes, cuja parte superior se encontra a descoberto e exposta a uma maior deterioração, quer por fatores naturais quer por vandalismo, colocando em perigo a manutenção do cordão dunar”, refere a APA.

Em Vila do Conde será feita a operação mais profunda e dispendiosa, avaliada em 1,8 milhões de euros, com 85% de financiamento de verbas europeias, visando reabilitar a defesa aderente da marginal de Árvore.

A obra, que terá um prazo de execução de 330 dias, vai incidir numa faixa de 160 metros, com o muro de proteção a ser reforçado com estacas e com um enrocamento para dar mais resistência à estrutura perante a ação do mar.

O presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, vincou que esta é uma “obra fundamental para que esta praia de Árvore continue a existir”, lembrando o perigo que a zona, incluindo as habitações, corre, devido à erosão costeira, pedindo investimento ao governo.

“O poder local, que está mais próximo, tem alertado a administração central para estas questões que afetam a segurança das populações e a atividade económica na nossa região. Seremos sempre exigentes na resolução deste problema, lembrando a necessidade de se investir nos nossos concelhos”, reforçou o autarca.

Um pouco mais à norte, na cidade vizinha da Póvoa de Varzim, também foi feita a consignação de uma obra, no valor de 75 mil euros, para reforçar um muro e uma escada na praia de Aguçadoura, numa intervenção que vai durar 30 dias.

O autarca local, Aires Pereira, também frisou a importância desta intervenção, afirmando “que há presença humana significativa a viver junto à orla costeira e é preciso proteger essas populações com antecedência, não esperando pelos incidentes”, e lembrando uma outra zona problemática no seu concelho, na praia da freguesia de Estela.

“É urgente fazer um reforço da duna primária existente, pois se esta for derrubada pelo mar, todos os campos a nascente, onde há uma intensa produção hortícola, podem ser inundados com água salgada e colocarem causa a subsistência de mais de 10 mil pessoas. Já temos um estudo para essa intervenção e esperamos que no próximo quadro comunitário a APA faça constar essa intervenção”, disse o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim.

O vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, que hoje assinou o arranque das empreitadas, lembrou que “os problemas da erosão costeira vão ser potenciados pela ação climática”, apontado que esta “é uma realidade que o país tem de se preparar, adaptando o território com planeamento, proteção, e, em algumas situações no limite, com um recuo para terra”.

O dirigente considerou que com as intervenções hoje consignadas “haverá mais solidez e resistências estrutural para encarar os avanços do mar, sobretudo no período de inverno”, garantindo a preocupação para que as obras “perturbem o menos possível a atividade da época balnear”.

O vice-presidente da APA assegurou, ainda, que “todo o litoral português merece a preocupação da APA”, destacando, na zona norte, Espinho (Aveiro) e Esposende “por terem situações particularmente vulneráveis”, mas vincado que “o Plano de Ordenamento Costeiro (POC) contempla todas essas preocupações”.

Questionado sobre as questões da seca que assola o país, e a intervenção da APA nesse âmbito, José Pimenta Machado não teceu comentários, dizendo apenas que o organismo “está a trabalhar em soluções que em breve serão anunciadas”.

 
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