A ideia partiu da Associação Albergue Cidade de Barcelos, de forma a assinalar o Dia de Santiago, que se comemora a 25 de julho – recriar as passagens a vau que os peregrinos efetuavam no rio Cávado, geralmente a pé, a cavalo ou de barco, quando a água estivesse mais alta. E foi precisamente esse o meio de transporte utilizado este sábado para a passagem para a outra margem, com colaboração da Associação BARCA, cujos associados disponibilizaram os barcos.
Após contacto com o albergue de Rates, de forma a avisar os peregrinos que esta manhã de sábado iria acontecer uma travessia ‘à moda medieval’, mais de uma dúzia de caminheiros – vindos da Polónia, de Itália e de Lisboa – aceitaram o desafio, e completaram um dos troços do caminho que, certamente, lhes ficará para sempre na memória.
O MINHO falou com Jorge Lima, da Associação BARCA, que se mostrou muito satisfeito com o sucesso da travessia, que se estendeu além dos doze peregrinos. “Correu muito bem, não havia muitos peregrinos fruto da situação pandémica, mas também passamos outros caminhantes que vinham de uma caminhada do Município e também um grupo de escuteiros que iam para a Franqueira”.
Jorge considera que esta foi uma simbiose de energias “perfeita”, com a vontade de preservar o rio e os meios dos associados da BARCA, no caso, a disponibilidade em ceder os barcos e conduzirem a passagem, aliada à preocupação da Associação Albergue Cidade de Barcelos em apoiar os peregrinos.
O associado da BARCA explica que a ponte medieval sobre o Cávado, em Barcelos, foi construída nos primeiros anos do século 14 (entre 1325 e 1328), e que os peregrinos que passavam o rio a vau começaram a utilizar essa mesma ponte, acabando-se assim a tradição de passar o rio pelos próprios meios.
“Quem passou ficou com uma experiência para a vida. Felizmente, temos aquele ‘postal’ com a Azenha, o Castelo e a Ponte: um postal da cidade e, como é óbvio, quem vem de fora e pode fazer esta experiência, fica marcado para sempre”.
Jorge confessa que esta é também uma forma de “chamar a atenção para o rio Cávado e para a envolvência da população de forma a potencializar tudo o que o rio pode dar”.
Fundada oficialmente em 2017, a BARCA provém de um núcleo de amigos aqui se tornaram associados. Tomam ‘conta’ da zona do Brigadeiro, onde limpam as margens e atracam os barcos.
A passagem a vau dos peregrinos deste sábado decorreu com apoio dos Bombeiros Voluntários de Barcelos, da associação Amigos da Montanha, do Restaurante Pedra Furada e do Albergue de Peregrinos de S. Pedro de Rates.