Monção vai “lutar com todas as armas” contra linha de muito alta tensão

Autarquia deu parecer negativo
Foto: O MINHO

O presidente da Câmara de Monção garantiu hoje “lutar com todas as armas e até às últimas consequências” contra a passagem da linha de muito alta tensão até Fonte Fria, na Galiza, por afetar a paisagem e a economia local.

“Monção vai lutar com todas as armas que tiver ao dispor e até às últimas consequências para garantir que esta linha não vai passar pelo nosso território”, afirmou António Barbosa.

Contactado pela agência Lusa, a propósito do parecer desfavorável emitido por aquela autarquia durante o período de consulta pública do projeto, o autarca social-democrata disse que “os territórios de baixa densidade não podem ser só para as coisas más, que ninguém quer”.

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“Era bom que estas entidades e que o Governo olhassem para este território para as coisas boas. Quando batemos à porta para pedir ligações na A28, ou para nos resolverem problemas estruturais, era bom que nos abrissem as portas e que não se lembrem de nós, territórios de baixa densidade, só para resolver problemas do país e para as coisas que ninguém quer”, sustentou.

Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 kV desde Fonte Fria, em território galego, Espanha, até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte operada pela empresa REN.

Em 2015, o projeto foi “recalendarizado” para ser submetido a novos estudos.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o troço nacional deste projeto prevê a construção de duas novas linhas duplas trifásicas de 400 kV, atravessando, potencialmente, 121 freguesias.

O projeto esteve em consulta pública entre 15 de junho e 24 de julho.

A proximidade desta linha, aérea, às casas, as consequências dos campos eletromagnéticos gerados na saúde humana ou o impacto visual de torres 75 metros com margens de segurança de 45 metros para cada lado são as principais preocupações das populações de ambos os lados da fronteira.

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“Acho que ninguém quer uma linha de alta tensão a passar no seu território e Monção não é diferente, com a agravante de ser um território que vive praticamente, em exclusivo, da economia do vinho e do turismo e esta linha vai afetar, em grande parte, essas zonas”, referiu.

No parecer desfavorável que emitiu durante o período de consulta pública do projeto, que atravessa 12 freguesias, a Câmara de Monção argumenta que “a instalação da linha revela, com evidência, um conjunto significativo de contrariedades e adversidades que colocam em perigo a saúde pública, a estratégia municipal de sustentabilidade ambiental e a valorização do turismo de natureza”.

“A eventual concretização desta linha elétrica poderá fragilizar os mais valiosos recursos endógenos do concelho, inviabilizando a dinâmica empresarial das unidades do setor turístico já existentes e os projetos promissores em fase de implementação”, sustenta o parecer.

Segundo aquele município, “mais do que uma linha de muita alta tensão, o território necessita de políticas ativas de valorização dos nossos recursos endógenos, bem como de medidas concretas que favoreçam o equilíbrio ambiental, a promoção social e cultural e a fixação das populações nos meios rurais”.

 
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