O Boavista conservou este domingo a invencibilidade na I Liga de futebol, ao empatar a zero no terreno do Gil Vicente, num encontro da sexta jornada que jogou reduzido a dez unidades durante quase 80 minutos.
No Estádio Cidade de Barcelos, e apesar da expulsão do médio brasileiro Gustavo Sauer, os ‘axadrezados’ somaram o quarto empate, ao qual juntam duas vitórias, para um total de 10 pontos, que implicam a descida provisória ao quinto posto, em igualdade com o Rio Ave.
Já os minhotos, somaram o quinto jogo consecutivo sem ganhar, depois de se estrearem na prova com um triunfo por 2-1 na receção ao FC Porto, mas continuam invictos em casa, com um triunfo e três empates, que conferem o 12.º lugar à condição, com seis pontos.
O desafio arrancou numa toada ‘morna’, com os pupilos de Vítor Oliveira, que promoveu os regressos de Arthur Henrique e Erick face à derrota diante do Benfica na semana passada (2-0), a assentarem o seu atrevimento ofensivo pelos flancos.
Após uma incursão de Sandro Lima na esquerda, travada pelos reflexos de Rafael Bracali, logo aos dois minutos, os minhotos vincaram o seu ascendente a partir dos 22, quando Gustavo Sauer foi expulso por derrubar Erick, que seguia isolado.
O lance despertou as ambições dos gilistas, cada vez mais instalados no meio-campo ‘axadrezado’, e Soares encheu o pé para voo de Bracali, aos 27, cinco minutos antes de Erick fugir pela esquerda e atirar às malhas laterais, numa jogada intercetada por Ricardo Costa.
Lito Vidigal, que tinha lançado Paulinho e Mateus em relação ao empate com o Sporting (1-1), respondeu com a entrada de Carraça e a mudança para três centrais, retirando de campo o avançado angolano, em tarde de reencontro com o Gil Vicente, após o badalado ‘caso Mateus’.
Perante um oponente mais compacto, atuando em função do erro barcelense para sair em contra-ataque, acresceram as dificuldades para o Gil Vicente atingir o último terço.
Kraev só encontrou tempo e espaço de meia distância, num remate controlado por Bracali, aos 40, três minutos depois de os portuenses darem ‘um ar da sua graça’ por intermédio de Fabiano, que arranjou espaço na área para rematar perto do poste.
As bases do encontro permaneceram intactas no segundo tempo, acentuando a superioridade territorial dos gilistas, embora sem um futebol envolvente para abrir brechas na defesa boavisteira.
Insatisfeito com a pouca acutilância atacante, Vítor Oliveira refrescou os corredores de uma assentada, introduzindo Samuel Lino e Romário Baldé, que arriscou de longe, aos 69 minutos, para depois Sandro Lima rematar à meia-volta, aos 72, obrigando Bracali a defesa apertada.
Já o Boavista, foi declarando intenções através de bolas longas, mas a pouca ligação entre as fases de construção e criação, associada à parca definição no último passe, impediu qualquer remate enquadrado com a baliza de Denis do primeiro ao derradeiro minuto.
Rodrigo ainda cabeceou à figura de Bracali (85 minutos) e Juan Villa cobrou um livre direto a rasar o poste (87), mas o ‘nulo’ arrastou-se até ao final.
Declarações dos Treinadores
– Vítor Oliveira (treinador do Gil Vicente): “Controlámos o jogo todo e o Boavista não fez um remate à nossa baliza na segunda parte.
Criámos três ou quatro situações e o guarda-redes fez duas defesas. Atendendo ao caudal ofensivo que tivemos, definimos muito mal no último terço, tivemos pouca agressividade e fomos penalizados.
Perante uma defesa muito experiente e habituada a jogar dentro deste estilo de jogo, nunca conseguimos explorar as costas dos laterais do Boavista, uma situação que pretendíamos para ter assistências de qualidade. Estivemos fraquíssimos nas bolas paradas, com uma série de cantos e livres que não foram aproveitados minimamente.
O Boavista jogou notoriamente para o 0-0 e nunca quis arriscar à procura da vitória. Sente-se confortável nessa forma de atuar e nós fomos incapazes de contrariar. Não temos nada contra o Boavista, mas contra nós.
Estes jogos, em que conseguimos vantagem numérica e estamos a jogar em casa, com o apoio do nosso público, não se podem empatar. Estes dois pontos fazem a diferença entre quem faz um campeonato bom, medíocre ou suficiente. É evidente que este aborrecimento amanhã já passa, mas era um jogo demasiado importante.
Uma última nota, não pelo jogo em si, mas como pessoa do futebol, que penso que enerva toda a gente: a gestão dos amarelos, do tempo de jogo, da marcação dos livres, da reposição das bolas. É obrigatório fazer um apelo a todos os agentes para que essas situações se alterem o mais rapidamente possível. É absolutamente ridículo o tempo que o jogo leva parado.
Neste momento, temos o Lourency e o [Zakaria] Naidji de fora. São dois jogadores importantes em termos ofensivos para a nossa equipa, que ainda está em formação. O jogo com o FC Porto veio tapar uma série de coisas e iludir muita gente. A nós não nos iludiu minimamente, porque sabemos com aquilo que contamos, mas continuo a dizer que temos gente para conseguir os objetivos do Gil Vicente”.
– Lito Vidigal (treinador do Boavista): “Fomos sempre espreitando as nossas possibilidades e a melhor oportunidade do jogo é nossa. Foi pena este jogo ter sido disputado 11 contra 10. Com 11, teríamos visto aqui um espetáculo fantástico, com as equipas a entregarem-se e a jogarem com qualidade e velocidade.
Mesmo assim, acho que nós, mesmo com um jogador a menos a partir dos 20 minutos, fomos bravíssimos, tivemos caráter, organização e inteligência. Se tivéssemos jogado 11 contra 11 podíamos ter melhorado o resultado.
Ausência do Yusupha? Não entrou porque o piso estava escorregadio”.
Ficha de Jogo
Jogo no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos.
Gil Vicente – Boavista, 0-0.
Equipas:
– Gil Vicente: Denis, Fernando Fonseca, Rodrigo, Ygor Nogueira, Arthur Henrique, João Afonso (Juan Villa, 59), Soares, Kraev, Yves Baraye (Samuel Lino, 66), Sandro Lima e Erick (Romário Baldé, 66).
(Suplentes: Wellington Luís, Claude Gonçalves, Romário Baldé, Juan Villa, Samuel Lino, Henrique e Ahmed Isaiah).
Treinador: Vítor Oliveira.
– Boavista: Rafael Bracali, Fabiano, Ricardo Costa, Neris, Marlon, Gustavo Sauer, Yaw Ackah, Rafael Costa, Mateus (Carraça, 36), Paulinho (Heriberto, 89) e Stojiljkovic (Cassiano, 76).
(Suplentes: Helton Leite, Obiora, Yusupha, Alberto Bueno, Carraça, Cassiano e Heriberto).
Treinador: Lito Vidigal.
Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Yaw Ackah (31), Yves Baraye (35), Rodrigo (62), Kraev (67), Carraça (79), Juan Villa (90) e Sandro Lima (90+1). Cartão vermelho direto para Gustavo Sauer (22).
Assistência: 3.885 espetadores.
Notícia atualizada às 18h31