Foi há três anos que Dylan Silva, natural de Gemieira, Ponte de Lima, morreu por falência de órgãos na sequência de denominada ‘Prova Zero’ (primeira prova do curso de Comandos) do 127.º curso de Comandos, que decorreu na região de Alcochete, distrito de Setúbal. À data com 20 anos, não resistiu às lesões graves que, em conjunto com outros dez instruendos, terá sofrido durante aquela prova de esforço.
Volvidos três anos o processo da morte de Dylan prossegue na justiça com um julgamento a decorrer há cerca de um ano, em passo lento, sem existir ainda quaisquer condenação ou obrigatoriedade de indemnização aos pais do limiano, pois a lei é omissa nos casos em que funcionários de Estado morrem durante uma formação.
Julgamento do caso da morte de Dylan da Silva no curso de Comandos começa a 27 de setembro
Acusados estão 19 militares pertencentes aos Comandos, que respondem por abuso de autoridade e ofensa à integridade física, nunca por homicídio involuntário.
Enfermeira é testemunha chave no processo
O testemunho da enfermeira Isabel Nascimento, que esteve de serviço desde o início da fatídica prova de formação, refere que o médico responsável se terá ausentado quando Dylan terá perecido durante as provas formativas, ficando sem assistência médica até chegada do INEM, que se deu cerca de uma hora depois.
Este testemunho realizado no Campus da Justiça, em Lisboa, em junho de 2019, durante o julgamento que decorre há cerca de um ano, poderá trazer novas caras para o rol de responsabilidades na morte do soldado, algo que os pais de Dylan pretendem ver apurado.
Pais de Dylan da Silva contam agressões relatadas pelo filho antes do curso de Comandos
No último depoimento do julgamento que opõe 19 arguidos contra os pais de Dylan e também de Hugo Abreu, outro militar dos Comandos que morreu no mesmo dia e nas mesmas circunstâncias, foi revelado que, enquanto Hugo Abreu era assistido, Dylan ficou sem qualquer assistência durante cerca de uma hora. Se Hugo Abreu morreu ainda no local, Dylan ainda esteve internado seis dias no Hospital Curry Cabral, morrendo a 10 de setembro de 2016.
É também referido que, no local da formação, existiam duas ambulâncias, mas nenhuma possuía equipamento avançado de suporte de vida. A enfermeira relata que os socorristas apenas se voltaram para Dylan depois de Hugo Abreu morrer, mas que este também já não respondia.
Mãe de Dylan quer ir ter com o filho
A mãe, Lucinda Araújo, relata o JN na sua edição impressa desta terça-feira, vive em desespero e já pensou pôr término à vida. Divorciada, a viver sozinha em casa rodeada de animais, está sem qualquer apoio emocional ou financeiro, e culpa o Exército de “esquecer os jovens”, atribuindo-lhes as responsabilidades da morte de Dylan. Lucinda confessa estar cansada e que já pensou em “ir ter com ele [Dylan]”, só não o fazendo porque tem os animais para cuidar, como escreve o JN.