Morreu o artesão Júlio Alonso, conhecido por ser um dos últimos profissionais de olaria na região a trabalhar com o “barro negro”, material com que habitualmente fazia figurado, mas sobretudo presépios. Tinha 95 anos.
Natural de Escariz S. Mamede, concelho de Vila Verde, casou e, a partir de 1951, passou a viver em Galegos Santa Maria, onde montou a sua oficina que se encontrava aberta até aos dias de hoje, para quem o quisesse visitar.
Segundo uma nota biográfica da Câmara de Barcelos, herdou dos pais (Manuel Alonso e Maria Gomes) a arte de trabalhar o barro, tornando-se no “mestre da Louça Preta”, sendo até solicitado em Vila Real (conhecida por ostentar o ónus da cerâmica neste tipo de material). A trabalhar à peça ou a vender em feiras, o artesão e empresário “conseguiu tocar a vida e criar quatro filhos”.
Acabou por abandonar a empresa que ajudou a criar, ainda nos anos 80, após uma crise no setor, mas nunca mais largou o barro nem deixou de trabalhar na sua oficina, situada numa garagem por debaixo da casa onde habituou mais de 70 anos.
Segundo a mesma nota da Câmara de Barcelos, do figurado de Júlio Alonso “sobressaem utensílios do quotidiano e peças de cariz religioso, que reproduz, dos costumes e das memórias”.
Foi galardoado pelo Município de Barcelos com o prémio “Carreira”, em 2011, pelos seus mais de 70 anos dedicados ao trabalho nas louças de Barcelos.
Data das cerimónias fúnebres, a cargo da Funerária Boa Nova, está ainda por anunciar.
Com Pedro Luís Silva.