A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) defende que a PSP, se for cumprido o direito à pré-aposentação – em vigor mas na prática, sem execução – , vai precisar de 3.500 novos agentes, mas avisa que este recrutamento só será possível se as condições remuneratórias forem alteradas tornando a profissão atrativa.
O seu presidente, Paulo Santos disse que a ASPP-PSP está de “espírito aberto” para ouvir as propostas da ministra da Administração do Governo da AD, Margarida Blasco, na reunião agendada para segunda-feira, entre a governante e os sindicatos das forças de segurança: “à partida, nada reivindicaremos, nomeadamente quanto a prazos ou datas porque está apenas em causa o chamado suplemento de missão que a AD admitiu dar, também, à PSP e à GNR, depois de o governo anterior o ter atribuído à PJ”, disse.
O dirigente associativo acrescenta que a ASPP espera poder vir a discutir, numa fase posterior, com o Governo várias outras questões que afetam a Polícia como as do Estatuto remuneratório, do cumprimento do que foi acordado há sete anos sobre o direito à pré-aposentação e de problemas como o excesso de horas de serviço e as condições de trabalho e de higiene.
Reunião debate problemas em Braga
Paulo Santos participou, sábado, em Braga, num espaço cedido pela União de Sindicatos, numa reunião com sócios dos comandos de Braga e Porto e de outras regiões, onde anunciou que o organismo vai criar um portal no seu site para denúncias de assédio dos associados e lançar um inquérito sobre o cumprimento do Exercício dos direitos de maternidade e paternidade na instituição.
Paulo Santos salientou que as denúncias de assédio existentes na instituição, maioritariamente do foro laboral mas também sexual, serão encaminhadas para a Inspeção Geral da Administração Interna para serem averiguadas e darem origem, se for caso disso, a processos disciplinares ou a inquéritos-crime: “vivemos uma fase de luta pela manutenção das conquistas conseguidas e que nem sempre são respeitadas pelos comandos”, disse.
No encontro foi, também apresentado o inquérito online a fazer em maio sobre o respeito dos direitos à paternidade e à maternidade, o que nem sempre acontece.
Na ocasião, os psp’s queixaram-se de que têm excesso de horas de trabalho, já que os comandos invocam o “interesse público”, sublinhando que alguns vivem em “cansaço permanente”, pelo trabalho «gratificado» a que são obrigados a aderir devido ao baixo salário-base.
Um dos presentes apontou o caso de uma esquadra de Lisboa onde são «às dezenas» os inquéritos que são abertos por «violência doméstica», mas em que apenas trabalham dois polícias.
Outro disse, por exemplo, que a disponibilidade total para o serviço fez com que tenha acumulado 500 horas de trabalho extra que não é pago.