Volta a Portugal sai da estrada e dá espetáculo na terra batida do rali em Fafe

Foto: Ivo Borges / O MINHO

A oitava etapa da Volta a Portugal chegou hoje ao Minho e os ciclistas deram espetáculo, esta sexta-feira, nos troços de terra batida do Rali de Portugal, em Fafe.

Foram cerca de quatro quilómetros pelo troço da Lameirinha com passagem na Casa do Penedo.

Os ciclistas chegaram a esse troço de ‘sterrato’ já depois de uma primeira passagem na meta, situada no centro da cidade. Depois continuaram o circuito até à meta, situada na Praça 25 de abril.

Foto: Ivo Borges / O MINHO

Adrián Bustamante venceu

Adrián Bustamante foi ‘forçado’ a reformular objetivos, mas conseguiu hoje oferecer a desejada recompensa à Kelly-Simoldes-UDO, ao ganhar uma oitava etapa aproveitada por Luis Ángel Maté para reforçar o terceiro lugar na Volta a Portugal em bicicleta.

Finalmente, à oitava tirada, os candidatos ao pódio ‘sossegaram’ e deixaram outros terem o seu momento, com a chegada a Fafe a permitir ao azarado colombiano de 25 anos estrear-se a vencer na prova, ao impor-se ao sprint a Mikel Iturria e Luis Ángel Maté, os dois espanhóis da Euskaltel-Euskadi que cortaram a meta com as mesmas 03:34.26 horas do vencedor.

“Vinha com outras expectativas nesta Volta a Portugal e passei dois dias difíceis, pelo que tive de mudar [os objetivos] e optar por lutar por uma etapa e poder dar esta vitória à equipa”, assumiu Bustamante, que já no ano passado tinha visto o seu sonho esfumar-se com uma queda na etapa da Torre, que o obrigou a abandonar a corrida ao quarto dia.

Além do ‘prémio’ oferecido pelo colombiano à combativa equipa de Manuel Correia, também Maté saiu de Fafe com um ‘bónus’, os quatro segundos de bonificação que permitiram ao conceituado veterano espanhol ‘empatar’ em tempo com o segundo classificado na geral, o russo Artem Nych (Glassdrive-Q8-Anicolor) – ambos estão agora a 28 segundos do suíço Colin Stüssi.

“Sim”, respondeu, sincero, o terceiro da geral, quando lhe perguntaram se queria ganhar a 84.ª Volta a Portugal.

O único ‘respiro’ desde que a prova entrou nas montanhas serviu também para Mauricio Moreira recuperar protagonismo, com o campeão em título a iniciar a fuga do dia, decorridos que estavam sete quilómetros dos 146,7 quilómetros entre Boticas e Fafe, na companhia do seu colega australiano James Whelan (Glassdrive-Q8-Anicolor), Rodrigo Caixas (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar), Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), e os espanhóis Samuel Blanco (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), Iñigo Elosegui (Kern Pharma), Antonio Soto e Andoni Abetxuko (Euskaltel-Euskadi).

Na primeira contagem de montanha da jornada, em Alturas do Barroso, ao quilómetro 15,7, os oito já tinham uma vantagem de dois minutos, uma margem que não haveria de ultrapassar os quatro, por obra da Voralberg do camisola amarela Colin Stüssi.

Moreira trabalhou e muito na fuga, sendo o verdadeiro motor de uma iniciativa da qual acabaria por abdicar pouco mais de 50 quilómetros depois – a nova tentativa de redenção do uruguaio, após o colapso na Torre, voltou a demonstrar que ‘Mauri’ é um ciclista abnegado.

A pouco mais de 50 quilómetros da meta, Hugo Nunes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e Álvaro Trueba, um dos teóricos líderes da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, ficaram envolvidos numa queda, com o espanhol, já num dececionante 43.º lugar, a desistir de imediato.

Quase ao mesmo tempo, a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua assumiu a perseguição e a diferença dos sete caiu abruptamente, parecendo prestes a ser alcançada à primeira passagem na meta, em Fafe. No entanto, Whelan e Soto haveriam de isolar-se no troço de terra batida e persistir na sua tentativa de sucesso até aos derradeiros cinco quilómetros – a imagem dos dois a darem as mãos quando estavam prestes a ser apanhados pelo pelotão foi a mais bonita da oitava tirada.

Com os candidatos apostados em preservar forças para a subida à Senhora da Graça, onde no sábado terminam os 174,5 quilómetros da nona etapa, que começa em Paredes, a luta pelo triunfo deu-se entre os ‘caça-etapas’, com Adrián Bustamante a levar a melhor na sempre emblemática chegada à Praça 25 de Abril.

“Uma vitória que era um objetivo, estava nas oportunidades nesta Volta a Portugal para a equipa e hoje conseguimos. É uma vitória dedicada ao chefe Manuel [Correia], ao chefe [Luís] Pinheiro e a todos os patrocinadores, companheiros, staff desta equipa. Ganhar na Volta a Portugal para mim é um sonho, é o maior objetivo que cumpri até ao momento”, disse o vencedor.

O ‘interregno’ na luta pela amarela final também foi bem acolhido por Colin Stüssi, que ainda assim, hoje, sentiu-se “sozinho” entre aqueles que o querem destronar, algo “difícil, sobretudo mentalmente”, até porque o suíço de 30 anos não vigia só um adversário, mas “provavelmente todos”.

“O número dois [Frederico Figueiredo] da Glassdrive, o número sete da Glassdrive [Artem Nych]. O 43 [Txomin Juaristi], o 46 [Luis Ángel Mate] da Euskastel, o 44 [Mikel Iturria] da Euskaltel. O 161 de não sei que equipa [Jesús del Pino], o 91 [Henrique Casimiro] da Efapel. A lista fica cada vez mais longa”, brincou, antes de arrancar gargalhadas dos jornalistas ao dizer que conhece os opositores pelos dorsais e não pelos nomes, porque é “um tipo de números”.

No sábado, Colin Stüssi terá de estar particularmente atento a António Carvalho (ABTF-Feirense), o sexto classificado da geral, que já ganhou por duas vezes na Senhora da Graça, a última das quais no ano passado, e é, nas apostas informais nos bastidores da Volta, o grande favorito a levar a amarela para casa no domingo, no final da 84.ª edição.

 
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