O presidente da Câmara de Viana do Castelo disse hoje à Lusa que não autorizará a utilização do espaço público municipal para a realização de manifestações religiosas tradicionais no período pascal, devido à pandemia da Covid-19.
“Todas as manifestações religiosas têm que ter uma autorização de utilização do espaço público municipal. Nós interditámos todos os eventos e iniciativas em espaço público. Todas as manifestações religiosas que, normalmente, aconteceriam no período da Páscoa, não serão autorizadas pela câmara municipal”, afirmou José Maria Costa.
O autarca socialista apontou como exemplos a procissão de ramos, a visita às capelas na quinta-feira Santa e a via sacra.
“Essas manifestações não serão autorizadas por serem eventos que agregam muitas pessoas e o que pretendemos com as medidas que temos vindo a implementar, seguindo as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), é o contrário, reforçado até com a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, disse.
José Maria Costa adiantou ter contactado telefonicamente o bispo da diocese, Anacleto Oliveira, para o “informar” dessas “limitações” nas atividades religiosas durante a Páscoa.
José Maria Costa congratulou-se com a decisão do arcebispo de Braga que “cancelou todas as atividades religiosas da sexta-feira Santa”.
“É uma decisão de grande discernimento e lucidez face ao momento que vivemos”, destacou.
O autarca apelou ainda à população “para que tenha os devidos cuidados e cautelas na sua proteção e na proteção da comunidade”.
“Apelo à responsabilidade e ao seu afastamento social, evitando aglomerações e acatando, de forma correta, todas as orientações da DGS para esta fase complicada da epidemia”, reforçou.
Contactada hoje pela agência Lusa, fonte do secretariado diocesano de Viana do Castelo informou que o bispo, Anacleto Oliveira, “ainda não se pronunciou sobre o assunto e que acatará o que for determinado pelas autoridades civis”.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
A China registou nas últimas 24 horas 15 novos casos de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro.
Até à meia-noite de quarta-feira (16:00 horas em Lisboa), o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infetados.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença.
O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.