Uma moradora num apartamento localizado na Rua Doutor Felicíssimo Campos, não ganhou para o susto neste sábado quando uma série de vespas-asiáticas (vespa velutina) tentavam entrar-lhe pela casa dentro.
Segundo a moradora, as vespas vêm de um ‘ninho’ localizado numa árvore junto ao Centro de Emprego de Braga, e os ataques têm sido constantes aos longo dos últimos dias.
A mulher partilhou um momento de maior tensão quando várias vespas embatem contra os vidros da sua varanda, tanto das janelas como da porta, parecendo atraídas por algo que se desconhece.
A moradora indicou que já contactou os Bombeiros Sapadores de Braga e enviou, este sábado, um e-mail para a plataforma municipal de avistamento de vespas velutinas, para que lhe resolvam o problema.
Ainda sem fundamentação científica que comprove, a realidade no terreno parece mostrar que os ciclos ativos da vespa asiática são prolongados devido ao nosso clima mais temperado, tornando-a uma ameaça ainda maior para os outros insetos, para a produção frutívora e para a saúde pública, pois podem ser agressivas e as suas picadas podem resultar na morte.
Como é que elas chegaram?
O engenheiro Miguel Maia foi o pioneiro na deteção da vespa asiática. Em 2010, trabalhava na associação de apicultores do Alto Minho (APIMIL) quando um apicultor, Nuno Amaro, encontrou uma vespa que não soube identificar.
“Mostrou-me e eu suspeitei que seria uma velutina, porque já tinha visto em França. Tirámos fotografias com o telemóvel e enviámos por e-mail para uma associação do País Basco e para o Museu de História Natural de Paris. Todos identificaram como sendo uma ‘asiática’”, salientou, em entrevista a O MINHO publicada em janeiro deste ano.
“Isto foi em 2010, perto do final do ano, se não me engano, e a partir daí fomos falar com os bombeiros, nomeadamente com o comandante António Cruz, que se mostrou disponível. e encontrámos logo alguns ‘ninhos’ na antiga Soporcel”, recordou.
O engenheiro avança que a teoria mais aceite é a de que a vespa invasora terá chegado num transporte de madeira a Viana do Castelo, proveniente de França, num contentor de madeira:
“Isto foi um bebé que nos veio parar aos braços. Houve uma tempestade na zona da Aquitaine onde foram destruídas muitas árvores, e o Governo francês, para limpar a zona, decidiu, isto segundo o ICNF, contratar empresas que trabalham com madeira para lá irem limpar, vendendo-a a ‘preço da chuva’”.
Refere-se à situação catastrófica provocada pela tempestade Xynthia, que em fevereiro de 2010 varreu a costa atlântica de França, provocando 52 mortos.
E o meio dos troncos veio uma vespa fecundada que se encontrava em hibernação e criou o primeiro ninho em Portugal. “Na altura houve relatos de pessoas que já tinham visto desta espécie no ano anterior, pelo que, se calhar, já poderia ter chegado antes, mas nada foi provado”, concluiu.