Ventura recebido com protesto de ciganos também em Viana: “Gamar é o que vocês fazem a toda a hora”

Legislativas 2025
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

A campanha do Chega viveu hoje um novo momento de tensão entre a comitiva e elementos da comunidade cigana, em Viana do Castelo, pelo terceiro dia consecutivo, com troca de insultos de parte a parte.

André Ventura respondeu aos manifestantes: “Não é para andarem atrás de mim pelo país todo, já chega. É pelo país todo, é escusado virem para aqui, vão trabalhar, têm que ir trabalhar”.

Nas imagens televisivas, vê-se o líder do Chega fazer com as mãos um gesto que significa roubar em direção aos elementos da comunidade cigana que estavam a protestar, dizendo-lhes: “Gamar é o que vocês fazem a toda a hora”

A arruada, que começou no Largo de São Domingos, terminou com uma passagem pela feira semanal, onde aconteceu este momento de tensão com cerca de duas dezenas de elementos da comunidade cigana, que, ao ver a comitiva do Chega, gritaram acusações de racismo e fascismo.

Estas pessoas acusaram também o partido e o seu líder, André Ventura, de incitamento ao ódio contra esta comunidade.

Do lado da comitiva do Chega, ouviram-se expressões como “[vão] para a vossa terra, vagabundos” ou “vão trabalhar”.

O protesto começou do outro lado da rua já quando André Ventura se dirigia ao carro para abandonar o local. Alguns agentes da polícia fardados, e outros à paisana, intervieram para acalmar os ânimos e evitar o contacto direto entre os elementos dos dois lados.

Recorde-se que, ontem, em Braga, líder do Chega também tinha sido recebido com um protesto de elementos da comunidade cigana, cerca de 20 pessoas que cuspiram e acusaram André Ventura e os elementos do partido de serem “fascistas e racistas”.

O mesmo já tinha acontecido na quarta-feira, numa arruada em Aveiro, quando a comitiva do Chega se cruzou com um pequeno grupo de pessoas de etnia cigana, que também acusaram Ventura de ser racista e lhe pediram que não alimente o ódio contra esta comunidade.

Nas ruas do centro de Viana, e minutos depois de um período de chuva intensa, foram poucos aqueles com quem se cruzou a comitiva encabeçada por André Ventura e pelo cabeça de lista pelo distrito, Eduardo Teixeira.

Nas poucas interações com populares, André Ventura foi abordado para cumprimentos e fotos por pessoas que deixaram palavras de apoio, mas houve quem também virasse a cara ao líder do Chega.

A certa altura do percurso, Eduardo Teixeira assinalou que o grupo estava a fazer parte do caminho da procissão em honra de Nossa Senhora d’Agonia, o que levou Ventura a comentar: “Espero que não seja o nosso no dia 18”.

Antes do momento de encontro com elementos da comunidade cigana, o presidente do Chega admitiu que Viana do Castelo “é um distrito difícil”, mas mostrou-se esperançoso de que seja possível “subir o resultado”.

O cabeça de lista concretizou este objetivo e pediu a eleição de dois deputados.

Ventura defende que apenas vitória do Chega garante estabilidade

Em Viana doo Castelo, Ventura defendeu que só uma vitória do seu partido poderá garantir condições estabilidade ao novo governo e considerou que “não interessa o não é não, se os portugueses disserem que sim é sim”.

“Acho que já tinha ficado claro que o Presidente da República quereria um governo de condições e de estabilidade, e não um governo para durar mais um ano, ou seis meses. E isso reforça aquilo que eu tenho dito, que só uma vitória do Chega à direita poderá garantir essa estabilidade”, afirmou, em declarações aos jornalistas no arranque da arruada.

Na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que quer nomear um Governo com a certeza de que o respetivo programa será viabilizado no parlamento, o que considerou ser “a questão fundamental” nesta matéria.

André Ventura considerou que com o atual líder do PSD, Luís Montenegro, “essa estabilidade não é possível”, e com o PS também não.

“A AD já venceu o ano passado e não tivemos estabilidade […]. O PS venceu e não teve estabilidade. A única alteração que há, a única diferença que há, é que o Chega nunca venceu”, sustentou. 

Questionado se está disposto a dialogar com os sociais-democratas após as eleições legislativas de 18 de maio, o líder do Chega disse que nunca se furtou ao diálogo e aprovou o que “tinha de aprovar, independentemente da cor partidária de quem estava do outro lado”.

“Se eu não tiver maioria, vou ter que conversar, vou. Mas já o ano passado eu estava disponível para fazer essa maioria”, indicou, dizendo que foi o PSD que não a quis.

“Nós não seremos a muleta de um novo governo para acontecer o mesmo que aconteceu agora. Nós acreditamos que vamos liderar esse espaço, transformar esse espaço e na transformação desse espaço haverá todas as condições para conversarmos e para termos um governo maioritário”, afirmou.

E voltou a indicar que o seu objetivo é ganhar estas eleições.

“Os outros têm que se adaptar a essa vitória, transformar-se e aceitar a realidade. Não interessa o não é não, se os portugueses disserem que sim, é sim”, defendeu.

André Ventura considerou também que, se o Chega vencer as legislativas de 18 de maio, “obrigará toda a direita a reconfigurar-se, obrigará todo o espaço do centro-direita a ter uma mudança de atitude, como já se verificou noutros países”.

“Garantiremos um governo de quatro anos para todos. E a esquerda poderá espernear, atirar-se ao ar, pode fazer patadas no parlamento, nós teremos uma maioria”, afirmou, sustentando que as sondagens antecipam “uma maioria entre o Chega e o PSD”.

“Nós não podemos estar a prometer às pessoas um governo estável, quando sabemos que há protagonistas que não querem fazer isso. E Luís Montenegro não quis o ano passado e não quer este ano fazer isso. Portanto, perante este cenário, os portugueses têm que discutir o que é que querem”, salientou.

Questionado se admite viabilizar um programa de Governo da AD, Ventura lembrou que o Chega já viabilizou o programa deste Governo: “já viabilizámos no passado”.

O presidente do Chega indicou também que um eventual governo liderado pelo Chega será constituído por “nomes que não se pautarão pela sua militância partidária, mas pela sua competência”.

 
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