Valença passou de segunda cidade do Alto Minho a eurocidade com Tui, na Galiza, e em três décadas tornou-se no centro de atração de vizinhos galegos, invertendo uma tendência anterior.
Para se consolidar como centro de atração, iniciou, em 2004, a requalificação da fortaleza, traçada por Souto Moura, a pensar na classificação daquele monumento nacional como Património da Humanidade.
A intervenção foi “precipitada” por um alerta, em 2003, de que a fortaleza corria o risco de derrocada face à deficiente drenagem de águas pluviais e à “decrepitude” das infraestruturas subterrâneas.
À época era presidente da Câmara o socialista José Luis Serra, que reconhece hoje ter sido “um dos maiores desafios” da sua governação, entre 2001 e 2009.
“Foi das melhores decisões que tomei. É uma intervenção estruturante e decisiva”, afirma.
A requalificação, um investimento global de dez milhões de euros, prevê quatros fases, sendo que a última foi alvo de candidatura ao programa Portugal 2020.
O reverso da medalha, “o caso mais negativo” dos oito anos de mandato autárquico que exerceu, foi, aponta, a reestruturação das urgências em 2007.
Serra chegou até a demitir-se dos órgãos nacionais que ocupava no PS e entregar o cartão de militante socialista, em protesto contra a exclusão do concelho da rede nacional de urgências.
“Infelizmente, passados estes anos todos, ainda não foi possível alterar uma decisão que penalizou muito Valença”, lamenta o homem que chegou a encabeçar uma manifestação de protesto numa das duas pontes sobre rio Minho que ligam a cidade portuguesa à vizinha Tui, na Galiza.
Foi com “a cidade irmã”, como lhe chama o atual presidente da Câmara, Jorge Mendes (PSD), que nasceu a eurocidade Valença e Tui, a segunda entre Portugal e Espanha.
Em 2011 foi assinado o protocolo de geminação e em 2012 foi formalizado o “casamento” entre as duas cidades separadas por apenas 400 metros.
A união é hoje apontada como caso de sucesso a nível europeu e “o céu é o limite”, brinca Jorge Mendes, afirmando que as duas cidades tencionam alargar a cooperação “até onde o enquadramento legislativo comunitário permitir”.
“Iremos aproveitar todas as oportunidades que a jurisprudência europeia nos der para cimentar e alargar esta cooperação transfronteiriça”, defende.
As duas cidades já partilham equipamentos públicos, como piscina, conservatório de música e teatro, e promovem juntas mais de três dezenas de atividades culturais e desportivas.
A abertura, este ano, do centro de saúde de Tui abre “boas” perspetivas, “se a Administração Regional de Saúde (ARS-N) e a Junta da Galiza o permitirem”, de partilha daquele serviço.
Com avanços e recuos, a candidatura da fortaleza a Património da Humanidade chegou a ser anunciada no âmbito de um projeto em conjunto com o centro histórico de Tui e mais tarde enquadrada com outras estruturas do género em Portugal.
No entanto, face ao atraso que se verificou nestes processos, Valença decidiu, em 2011, avançar sozinha.
No início deste ano, a união de Valença com os municípios de Almeida, Marvão e Elvas resultou na inscrição, junto da Comissão Nacional da UNESCO, das “Fortalezas Abaluartadas da Raia” na Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial.
“É a primeira vez que é apresentada uma candidatura em série em Portugal”, sublinha Jorge Mendes, advertindo, no entanto, que é preciso planear formas de prevenir “os impactos negativos” que uma futura classificação pode trazer.
“Foi a pensar nisso que instalámos um sistema de monitorização de visitantes. Em 2015, a fortaleza foi visitada por mais de dois milhões de pessoas“, frisa o presidente da Câmara de Valença, cidade que, nos últimos anos, se tornou no centro de atração de vizinhos galegos, invertendo uma tendência anterior.
“O consumo nos supermercados já não é o que era. Temos mais variedade de produtos e a preços mais competitivos”, sublinha. O preço dos combustíveis é atualmente, segundo Jorge Mendes, “a única razão” para atravessar o rio Minho em direção à Galiza.
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