Utentes de casa de saúde de Barcelos criam jardim para festival em Ponte de Lima

A Casa de Saúde S. José, em Areias de Vilar, Barcelos, é este ano uma das instituições participantes no 13º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, tendo sido uma das 12 selecionadas de entre 34 propostas oriundas de 11 países.

Esta quinta-feira, dia 8 de junho, às 10:30 horas, os utentes participantes no projeto irão fazer uma visita guiada ao espaço, aos outros utentes da instituição. Foram cerca de 20 os utentes com patologia mental, com idades entre os 20 e os 65 anos, envolvidos na criação de um jardim intitulado a “Globalização das Plantas, que agora está a concurso e é possível visitar até outubro. Foram 3 meses de trabalho, em que a equipa de utentes de jardinagem da Casa de Saúde trabalhou afincadamente em colaboração com o arquiteto Luís Sá e Melo e a engenheira agrícola Alexandra Teixeira.

Este é um trabalho desenvolvido pelo Serviço de Reabilitação Psicossocial da Casa de Saúde S. José, nomeadamente através das atividades ergoterápicas, valorizando as capacidades individuais de cada utente e promovendo a sua autonomia e competências, está naturalmente patente no projeto a concurso neste festival e será certamente um marco importante na sua vida.

Com esta participação a Casa de Saúde S. José tem como grande objetivo o combate ao estigma ainda hoje associado à doença mental por parte da população em geral, como também por parte dos utentes que muitas vezes refletem um auto estima que os impede de se sentirem capazes de realizar determinadas tarefas e cumprir objetivos.

O projeto

A proposta apresentada pela Casa de Saúde S. José assenta na ideia de permuta cultural que as plantas trouxeram durante os Descobrimentos. Partindo da imagem mental duma cartografia dos ventos e das marés, um grupo de plantas desenham um jardim de canais correntes ondulantes.

No meio deste oceano vegetal, onde se misturam plantas oriundas de diversas áreas geográficas, quatro elementos físicos surgem à deriva, como que sugerindo a ideia de naus, os quais são sobretudo filtros que isolam, geo-referenciando em cada uma das estruturas, uma planta-paradigma das trocas intercontinentais: a Videira (Vitis vinifera), que se difundiu a partir da Europa para os novos territórios, sendo actualmente uma cultura com grande expressão, de entre outros países, no Chile, EUA, África do Sul e Austrália; o Arroz (Oriza sativa), oriundo da Ásia e que na actualidade é cultivado nos cinco continentes, representando o alimento base para 2,4 biliões de pessoas em todo o mundo; o Ananaseiro (Ananas comosus), que no seu percurso foi desde a América do Sul até à Ásia, principal continente produtor de ananás no presente, sem esquecer a sua presença nos Açores; o Cafeeiro (Coffea sp.), que fez o seu caminho desde o continente africano até à América, onde se cultivam os famosos cafés do Brasil e da Colômbia, e à Ásia – em Timor-Leste tem sido a principal fonte de rendimento dos agricultores nas montanhas.
Estas quatro estruturas representam também os quatro continentes, nos quais a Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, que acompanhou os navegadores portugueses ao longo da Rota das Descobertas através da fundação de diversos hospitais e centros assistenciais, tem vindo a globalizar, desde então, a Hospitalidade junto dos mais pobres e doentes.

A 13.ª edição do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima decorre até 31 de outubro. Os visitantes irão escolher aquele que será o vencedor do concurso.

 
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