ARTIGO DE OPINIÃO
Karen Neves
Fisioterapeuta Pélvica. Saúde da Mulher. Formação em Pilates Clínico, e Reeducação Postural Global (RPG). Professora de Yoga
A incontinência urinária é um problema comum, afetando cerca de 20% das mulheres portuguesas com mais de 40 anos. Este problema pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, afetando a sua saúde mental, social e física.
De acordo com um estudo realizado pelo Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), um em cada cinco portugueses com mais de 40 anos sofre de incontinência urinária (IU). É importante sublinhar que a incontinência afeta aproximadamente três vezes mais as mulheres do que os homens.
Embora essa proporção seja maior no público feminino, muitas utentes não mencionam a incontinência urinária como queixa principal ao procurar assistência fisioterapêutica. Apenas após uma conversa mais aprofundada durante a anamnese é que a maioria destas mulheres relatam algum tipo de perda urinária, como pingos nas cuecas ou perda de xixi ao tossir e espirrar. Isso sugere que muitas consideram essa condição como algo normal associado à idade ou agravada por situações como a gravidez.
É importante destacar que não se deve normalizar a perda de urina, mesmo que seja em pequena quantidade.
As diretrizes clínicas da Sociedade Internacional de Continência (ICS) recomendam a Fisioterapia Pélvica como tratamento de primeira linha para a incontinência urinária de esforço. Este tratamento é não invasivo e altamente eficaz. Ele concentra-se no fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico, que desempenham um papel fundamental no controle do fluxo urinário.
Os exercícios de fisioterapia pélvica são adaptados individualmente para cada utente e devem ser realizados tanto no consultório como em casa. A adesão ao tratamento domiciliário é fundamental, pois faz toda a diferença nos resultados.
Além dos exercícios de fortalecimento também são utilizados, em consultório, recursos como o biofeedback e a eletroestimulação.
Dependendo do tipo e da gravidade da incontinência urinária, outros tratamentos podem ser considerados, como o uso de medicamentos e cirurgia. Esses procedimentos cirúrgicos são realizados por médicos especializados na área.
A incontinência urinária é um problema que pode ter grande impacto a vida de muitas mulheres. É fundamental quebrar o estigma em torno desse assunto e procurar uma consulta de fisioterapia pélvica, especialmente se estiveres a experimentar qualquer forma de perda urinária, mesmo que seja apenas uma pequena quantidade.
O tratamento adequado pode fazer toda a diferença na tua qualidade de vida.