“Um habitante da floresta”. É desta forma que o fotógrafo João Ferreira, de Braga, apresenta a sua mais recente publicação de um lobo ibérico (Canis lupus signatus), desta vez com a particularidade de se tratar de um dos maiores exemplares da espécie registado em fotografia.
Para o fotógrafo da natureza, popularmente e administrativamente reconhecido pelo seu trabalho de registar a fauna e a flora do concelho de Braga, este lobo, é “talvez, o maior” que alguma vez fotografou, atribuindo-lhe um peso de 45 quilos (número redondo), o máximo registado na vertente ibérica do lobo.
O animal foi registado em Castro Laboreiro, Melgaço, no quando abandonou “a segurança da floresta densa, para dar uma olhada na envolvente”, em território do Parque Nacional da Peneda-Gerês, conta João Ferreira, lembrando que, hoje em dia, o habitual será associar os lobos apenas à zona Norte de Portugal, mas salienta que “nem sempre foi assim”.
João Ferreira salienta que “em Portugal, não há muitas décadas, o lobo habitou as planícies alentejanas, o barrocal algarvio, as florestas litorais próximas de cidades como Lisboa e Porto”.
O bracarense sublinha que “o lobo é extremamente adaptável”, encontrando-se “desde as geladas tundras da Rússia, aos desertos do Norte de África, das ilhas marítimas da costa canadiana do Pacífico, à estepe asiática, passando pelas densas e quentes florestas indianas, ás frias florestas de coníferas do norte europeu”.
Pressão humana, falta de presas e perseguições, tanto humanas como a nível industrial, prossegue o fotógrafo, contribuíram para o afastamento dos “últimos resistentes para estas zonas mais ermas”.
“Mas aqui e acolá, onde se propicia, o lobo aparece em outros habitats, neste caso, uma densa floresta do Alto Minho, onde a neblina é quase sempre presente e uma sensação de humidade é palpável, mesmo nos meses mais secos”, conclui João Ferreira.
De realçar que, embora a fotografia do lobo tenha sido publicada esta quarta-feira, a data do registo da mesma não foi divulgada, podendo ter ocorrido há vários meses, como é, aliás, habitual nas publicações de João Ferreira para proteger os animais de eventuais curiosos.