“Só podia ser em Vila Nova de Famalicão” referiu, ontem à tarde, João Charters de Almeida, na inauguração da escultura “Jardim Suspenso”, anunciada como a sua última obra de arte em espaço público.
A peça encontra-se instalada na Praça D. Maria II, no centro de Famalicão, e muito próximo do edifício da Fundação Cupertino de Miranda, cujos azulejos da fachada são de sua autoria.
“Todos os dias, com luz, as flores aparecem e as árvores são mais bonitas, por conseguinte é um desejo de esperança e de bem-estar (…) é um pensamento de introspeção”, explicou Charters de Almeida sobre a escultura, citado em comunicado da autarquia.
“Estou eternamente ligado e grato a Vila Nova de Famalicão”, afirmou Charters de Almeida, recordando o trabalho que desenvolveu a pedido de Cupertino de Miranda, e que resultou na criação dos maiores painéis de azulejos da Europa, que ainda hoje revestem o edifício da Fundação Cupertino de Miranda.
“É uma peça que prestigia e valoriza o centro da nossa cidade”, referiu o presidente da Câmara, Mário Passos, vendo com bons olhos o património artístico que está a desabrochar no centro urbano de Famalicão. “A arte valoriza um território, capacita-o e torna-o mais aprazível e moderno. E o centro da nossa cidade está a seguir esta trajetória”, disse.
Refira-se que a escultura “Jardim Suspenso” tem 5 metros de altura e é construída em aço ‘corten’.
Os recortes da peça foram criados de modo a projetar sombras com o formato de flores, enquanto a luz assim o permitir, remetendo, de forma simbólica, para a esperança, o conceito de tempo e a constante transformação do homem.
Esta é a última intervenção no espaço público de Charters de Almeida, segundo o próprio, e está instalada junto à Rua do Ferrador, a poucos metros de uma das suas obras mais icónicas: os painéis de azulejos que revestem a Fundação Cupertino de Miranda, o seu primeiro trabalho realizado em espaço público.
João Charters de Almeida nasceu em Lisboa, a 12 de julho de 1935, está representado em museus, fundações e coleções particulares em Portugal e noutros países da Europa, nos Estados Unidos da América, Brasil, Canadá e Japão. Tem trabalhos de grande escala em espaços públicos em Portugal, Bélgica, USA, Canadá e China.
Recorde-se que a escultura gerou polémica com o Partido Socialista a criticar o executivo municipal (PSD/CDS) por falta de transparência.
O vereador Eduardo Oliveira (PS) questionava quanto custou a nova escultura instalada na Praça D. Maria II e por que razão o assunto não foi discutido em reunião do executivo municipal.
Numa consulta no portal Base, é possível verificar que a obra “Jardim Suspenso”, da autoria de Charters de Almeida, teve um custo de 12.350 euros à autarquia.