Trasladação para cemitério de Vila de Punhe põe fim a guerra pelos restos mortais do padre Alípio

Cemitério de Vila Nova de Punhe, Viana do Castelo. Foto: DR

Os restos mortais do padre Alípio Lima, foram trasladados segunda-feira, ao início da noite, por ordem do Tribunal de Viana do Castelo, da sua antiga paróquia de Vila Nova de Anha, para o cemitério de Vila do Punhe. A trasladação pôs fim a uma guerra entre a família do sacerdote e a população local, que em 2013, aquando da sua morte, fincou o pé, por entender que era vontade do pároco ficar sepultado naquela freguesia.

Padre Alípio faleceu em 2013. Foto: DR

A retirada do caixão foi pacífica, mas ainda assim aconteceu, uma hora depois do previsto (19:00 horas), porque foi necessária a intervenção de um serralheiro para destrancar a porta do jazigo. A situação causou apreensão entre as cerca de duas centenas de pessoas, que compareceram no cemitério de Vila Nova de Anha, de forma ordeira e muitas delas com velas na mão.

“Então esteve cá ontem o Bispo (de Viana, D. Anacleto Oliveira) e a porta ainda abriu. Hoje não abre porquê?”, perguntou uma mulher a outra, que lhe respondeu: “Pode ser que o padre Alípio não queira ir”.

O padre, que uns meses antes de morrer saltou para as páginas dos jornais por se ver envolvido num escândalo com prostitutas, foi sepultado em fevereiro de 2013 num jazigo “emprestado” de um advogado seu amigo em Anha e o pároco Alfredo de Sousa que o substituiu, apelou, na altura, à benevolência da população e mandou contruir um mausoléu que custou cerca de 50 mil euros, mas que nunca foi utilizado.

Os irmãos de Alípio Lima, entre os quais três padres, também compraram um jazigo em Vila de Punhe para o acolher e em maio de 2015 deram entrada com um pedido de trasladação na junta de Vila Nova de Anha, responsável por administrar o cemitério, que foi deferido ao abrigo da lei. Contudo, os restos mortais nunca saíram do jazigo, de que é proprietário o advogado Francisco Morais da Fonte, que não cedeu à pretensão da família do sacerdote. Acabou assim por ser alvo de uma ação por parte dos irmãos Lima, a que o Tribunal de Viana do Castelo deu provimento mas o causídico apresentou contestação na Relação de Guimarães. Este tribunal acabou por mandar julgar o caso em Viana do Castelo e, finalmente, saiu a decisão que obrigou o advogado a abrir o jazigo para se proceder à trasladação do corpo.

Na segunda-feira, depois de destrancada a porta e retirado o caixão, Morais da Fonte foi abordado por uma mulher que lhe disse: “Ele foi mas vai voltar. Vai-lhes (aos irmãos) infernizar tanto a vida, que são eles que o vão trazer para cá outra vez. Pedi tanto a Deus que ele não fosse”.

O advogado declarou: “O Padre Alípio seguiu o seu caminho, mas não era o que ele queria. Fico muito triste que ele vá, porque ele era uma pessoa querida nesta terra, mas os tribunais tem destas coisas. Às vezes não fazem justiça”.

 
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