“Eles andam aí”. É uma das muitas frases associadas à sempre misteriosa curiosidade dos habitantes do planeta Terra em relação a outras civilizações que possam existir no ‘cosmos’. E, em Portugal, também existem avistamentos de supostos Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) – 19 sinalizados durante o ano de 2021 -, mas todos eles foram explicados, graças a uma entidade fundada em 2021 que não apareceu “para andar à procura de luzes no céu”, mas sim para tornar relevante o estudo deste tipo de ocorrências.
O trabalho é do Centro de Investigação de Fenómenos Aeroespaciais (CIFA), com sede em Vila do Conde, no distrito do Porto, cujo trabalho já foi anteriormente divulgado por O MINHO e que integra um grupo de investigadores civis de diferentes pontos do país, que recolhem e analisam dados para, de forma precisa, tentarem explicar os avistamentos.
Este centro de investigação acabou de divulgar, neste domingo, o “Relatório Anual Estatístico de Ocorrências de Fenómenos Aeroespaciais em Portugal – 2021”, com cerca de 30 páginas, onde estão descritos os fenómenos sinalizados por portugueses, que vão desde o Algarve até às Ilhas. Este ano, não foram sinalizados avistamentos nos distritos de Braga e Viana do Castelo, deixando assim o Minho de fora do circuito de avaliação.
Dos 19 fenómenos sinalizados, quatro correspondem a balões Led, quatro a drones, três a reflexo de fuselagem de aeronaves, 3 a meteoros, dois a satélites, um a sinalização de aeronave e outro corresponde a um planeta. O 19.º, no entanto, ainda não foi explicado de forma consistente, mas, ao que tudo indica, tratar-se-á de uma sonda meteorológica do IPMA (carece confirmação).
A O MINHO, a entidade considera de vital importância o conhecimento público das explicações desses fenómenos ainda com enorme défice temático na divulgação na sociedade. “Maioritariamente a percentagem dos casos explicados envolvem a tecnologia vinculada aos drones, que continuam a fazer confusões na sua interpretação por testemunhos menos esclarecidos a este tipo de visualizações no firmamento”, explica Vítor Moreira, presidente da entidade.
E, para desilusão de muitos aficionados dos seres de outro mundo, desmistifica os avistamentos, que vão “desde balões com leds ou meteoros até reflexo de fuselagens de aeronaves”. “Tudo contribui para os ditos fenómenos estarem devidamente resolvidos numa apreciação global de registos consumados pela entidade”, refere o presidente.
“Sem casos inexplicados dos 19 registos de ocorrências nacionais, o CIFA considera, no entanto, manter em aberto um acontecimento ocorrido em Ponta Delgada (Açores), a 26 de dezembro, para encerrar o apuramento das prováveis explicações de todos processos avaliados”, assumiu.
Essa ocorrência refere-se, segundo o relatório consultado por O MINHO, a um possível avistamento de um balão/sonda meteorológica, mas o processo carece de mais dados para análise dos investigadores. Trata-se de um avistamento que ocorreu cerca das 16:20, por duas testemunhas, mas sem registo fotográfico ou vídeo, de um “objeto em forma de aspirador de cor prateada, sem rasto”, observado durante cerca de oito segundos.
As restantes 18 ocorrências foram todas confirmadas como sendo algo normal, não se tratando, assim, de fenómenos vindos do Espaço.
Sobre a CIFA, o seu presidente, Vítor Moreira, afirma que tem sido “um elo de fundamental partilha e conhecimento na opinião pública, procurando estabelecer um canal de informação recíproco”.
“Somos uma equipa multifacetada que procuramos aprofundar o estudo, análise e investigação dos OVNI (UAPs) no nosso país, onde a busca e o encontro por padrões relevantes no fenómeno são as nossas metas fundamentadas da nossa existência”, explicou.
A entidade dá ainda a possibilidade de consulta do relatório em causa, devendo os interessados entrar em contacto com a CIFA, através do email [email protected]. Não há qualquer custo associado.
O CIFA está legalizado oficialmente desde 14 de julho de 2021, em Vila do Conde, e tem o seu site (cifa.pt) como divulgação do seu trabalho.
Possui mais de 20 elementos operacionais nacionais associados na sua atividade, “estando a incrementar uma equipa pluridisciplinar no trabalho de intervenção no terreno”.
Segundo Vitor Moreira, a CIFA vai divulgar “um programa civil e dedicados a todos cidadãos que observam o firmamento de forma ocasional, que vão interagir connosco no âmbito do registo de fenómenos aeroespaciais que possam ser testemunhas”.
A entidade não vai andar atrás de luzes no céu mas sim “de procurar indícios relevantes de estudo nos casos designados de perto e/ou com evidências constatadas no solo de um eventual fenómeno extraordinário”, reforça.
Nos dias de hoje não se coloca a questão da existência dos designados Fenómenos Aéreos (OVNIs), “mas sim se a sua tecnologia e procedência exige ou não uma intervenção mais cuidada a nível governamental no âmbito de salvaguarda do espaço aéreo contra a respetiva violaçãode fenómenos aeroespaciais desconhecidos”, finalizou Vitor Moreira.