Guimarães
Cresceu em Guimarães a ver mãe e avó fazerem vestidos. Agora está no “coração do mundo da alta costura”
Tiago Bessa é finalista de prestigiado festival em França
Tiago Bessa, vencedor do Concurso Europeu de Jovens Designers do CENIT, em 2021, é um dos dez nomeados na categoria de moda do 38.º Festival de Hyères. Os vencedores nas várias categorias só serão conhecidos em outubro. O designer de Guimarães foi selecionado por um júri presidido por Charles de Vilmorin, diretor artístico da Rochas, e onde constam nomes como Antoine Gagey, diretor-geral da casa de moda Jean-Paul Gaultier. Tiago vai competir pelo Première Vision Grand Prize, o prémio principal, mas também pelo prémio 19M Chanel Métiers d’Art, o prémio para a coleção mais sustentável Mercedes-Benz e o prémio Atelier des Matières, que foi introduzido em 2022. O português que venceu este concurso, em 2002, Felipe Oliveira Baptista, já passou pela Lacoste e foi, até junho de 2021, diretor artístico da Kenzo.
Qual é a importância desta seleção para os 10 finalistas da 38.º edição do Concurso de Design de Moda de Hyères?
Acho que, sobretudo, é a exposição, mas também as parcerias que nos são oferecidas com grandes nomes da indústria. Permite-nos integrar este mundo, até porque é em França, no coração do mundo da alta costura.
Este concurso já revelou nomes que hoje são referências?
Sim, eu conheço o caso do Filipe Oliveira Baptista que venceu em 2002.
Como é que tiveste conhecimento do concurso e o que é que te levou a participar?
Foi o meu coordenador, do MODATEX, numa altura em que, na verdade, eu já não era aluno. Ele telefonou-me e disse-me que devia participar.
A tua participação foi com a coleção “Hermaphrodite”, com a qual já tinhas vencido o Concurso Europeu de Jovens Designers ou preparaste algo novo?
É a mesma coleção, mas teve de ser estendida. No Moda Portugal eu consegui apresentar três peças, embora eu já tivesse cinco. Agora, tive que alargar para sete. Além disso, o concurso obriga a que eu crie mais alguma coisa em colaboração com os ateliers da Chanel.
Isso é um grande desafio?
É tudo muito novo, vou lá esta semana para perceber melhor o que é pedido. Pelo que percebi, há um grupo de ateliers que trabalham com a Chanel em peças de artesanato (pode dizer-se assim), são responsáveis por bordados, botões personalizados… Vão atribuir um destes ateliers a cada um dos 10 finalistas e teremos de fazer um trabalho com eles.
Como é que surgiu o teu interesse pela moda?
Eu nasci no meio da moda, a minha avó é costureira e a minha mãe é modelista. Elas tinham um atelier em que faziam vestidos. Eu fui criado ali, a vê-las trabalhar e a fazer as minhas experiências.
Ias dando uma ajuda?
Não, eu era muito mau. Tentava fazer umas coisas, para as minhas bonecas ou no busto. Depois fazia todo um espetáculo de apresentação dos trabalhos.
Esse passado ajuda-te, há coisas que aprendeste que ainda hoje te servem?
Sim, a técnica da minha mãe e da minha avó é muito… tradicional. Elas sabem fazer modelação e confeção conforme as regras e o meu trabalho é uma desconstrução. Foi importante saber fazer costura e modelação para depois chegar onde eu queria.
Foto: DR
O MODATEX para ti foi importante?
Foi, sim. Adquiri uma cultura visual que não tinha quando comecei. O que mais me marcou foi o crescimento na área do design, foi um importante ponto de partida.
O ano passado estiveste em Amesterdão a estagiar, durante seis meses. Como correu essa experiência?
A passagem pelo atelier Viktor & Rolf foi muito difícil, mas ao mesmo tempo foi tudo o que eu esperava. Houve dificuldades, até por ser uma cultura muito diferente da nossa.
Fizeste contactos que te serão úteis no futuro?
Espero que sim, fiquei com boas ligações, mas o importante é o que eu vou fazer com elas a partir da daqui. O staff era 60% internacional e o dia a dia de trabalho fazia-se em inglês. Havia muitos estagiários de várias partes do mundo: Itália, EUA.
Este Festival de Hyères tem um prémio com uma componente financeira importante, 20 mil euros.
Entre muitas outras coisas, seria muito importante para ter a possibilidade de fazer o mestrado e para poder lançar uma nova coleção. Estão em jogo quatro grandes prémios – o Première Vision Grand Prize, o principal, o 19M Chanel Métiers d’Art, o prémio para a coleção mais sustentável Mercedes-Benz e o Atelier des Matières – e, para além do valor monetário, também temos a possibilidade de desenvolver uma coleção cápsula em parceria com uma marca. Há também a chance de termos a nossa coleção exposta na Prèmiere Vision, em Paris, no próximo ano.
Depois de venceres o Concurso Europeu de Jovens Designers foste contactado por marcas nacionais ou estrangeiras com propostas de trabalho?
Não, sinceramente, o que tem aparecido são propostas de colaboração com artistas, fotógrafos principalmente.
Porque a tua roupa é muito de vanguarda, muito de performance?
Não, acho que não é isso. Eu tenho outros amigos na área que sentem o mesmo. Estamos numa fase em que ainda não somos ninguém, estamos a crescer. Talvez depois deste concurso…
E o futuro?
Ainda estou a decidir para onde vou fazer o mestrado, acho que Itália ou França têm mais que ver com aquela que é minha linguagem.
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