Tiago Brandão Rodrigues, natural de Paredes de Coura, irá manter-se como ministro da Educação durante a próxima legislatura, divulgou ao final da tarde desta terça-feira o primeiro-ministro António Costa.
O jovem cientista ‘outsider’ e sem experiência política que há quatro anos se estreou como ministro, é hoje candidato a governante que mais tempo tutelou a pasta da Educação em Portugal, apesar do mandato tumultuoso.
Ao longo dos últimos quatro anos foi por várias vezes apontado como um dos “elos mais fracos” do executivo de António Costa e como potencialmente remodelável, mas sobreviveu a todas as reconfigurações de Governo, mesmo debaixo de fortes críticas da oposição e, sobretudo, dos sindicatos, com os quais não chegou a acordo sobre a recuperação do tempo de serviço congelado dos professores.
A contagem da totalidade dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço é o grande diferendo que transita com o ministro para o novo Governo, hoje conhecido, e que promete marcar, pelo menos, o arranque do novo mandato.
Se aos últimos quatro anos Tiago Brandão Rodrigues juntar os quatro que seguem à frente do Ministério da Educação será o ministro que, pelo menos em democracia, mais tempo esteve à frente de uma das pastas que mais dificuldade tem em segurar ministros.
Maria de Lurdes Rodrigues, no primeiro Governo socialista de José Sócrates e Nuno Crato, no primeiro Governo de coligação PSD/CDS-PP de Passos Coelho, foram os ministros que, antes de Brandão Rodrigues, por mais tempo ocuparam a pasta, com quatro anos e sete meses e quatro anos e três meses, respetivamente.
O ministro que continua para a próxima legislatura arrancou a anterior com a reversão de algumas das medidas tomadas pelo Governo de direita, acabando com os exames nos 4.º ano e 6.º anos de escolaridade e com a prova de avaliação dos professores, em sintonia com as exigências sindicais, o que garantiu um apaziguamento sindical nos primeiros tempos.
Com a sua secretária de Estado Adjunta – agora elevada a ministra – Alexandra Leitão, a dar a cara por essa luta, reviu os contratos de associação com os colégios privados, aplicando um corte expressivo no financiamento estatal aos privados.
Tiago Brandão Rodrigues fica ainda associado à mudança de paradigma no ensino em Portugal, com a introdução do Perfil do Aluno e do modelo de flexibilidade curricular, assim como à introdução de manuais escolares gratuitos no ensino público até ao 12.º ano, uma exigência da “geringonça” que apoiou no parlamento o Governo de António Costa.
Tiago Brandão Rodrigues, 42 anos, nasceu em Paredes de Coura, em junho de 1977 e licenciou-se em Bioquímica pela Universidade de Coimbra, tendo mais tarde vivido e trabalhado em Madrid, Estados Unidos e Inglaterra.
Foi em Inglaterra que se notabilizou e conquistou reconhecimento internacional pela descoberta de uma técnica de ressonância magnética que permite a deteção precoce do cancro.
Desde 2010 que estava ligado ao instituto Cancer Research UK, da Universidade de Cambridge, até regressar a Portugal.
Tal como há quatro anos, voltou a ser cabeça de lista do Partido Socialista (PS) por Viana do Castelo, o seu distrito.
Novo Governo
O XXII Governo Constitucional, apresentado pelo primeiro-ministro indigitado ao Presidente da República, prevê que Pedro Siza Vieira, Augusto Santos Silva, Mariana Vieira da Silva e Mário Centeno sejam ministros de Estado.
A existência de quatro ministros de Estado é uma das principais novidades em relação ao XXI Governo Constitucional, uma opção que, fonte oficial do executivo, justifica como “um reforço do núcleo central” do executivo.
“Com quatro ministros de Estado (Pedro Siza Vieira, Augusto Santos Silva, Mariana Vieira da Silva e Mário Centeno) permite-se ao primeiro-ministro e ao ministro dos Negócios Estrangeiros assegurarem plenamente a condução da presidência portuguesa da União Europeia” em 2021.
Maria do Céu Albuquerque, ex-presidente da Câmara de Abrantes, foi proposta para as funções de ministra da Agricultura, substituíndo Capoulas Santos.
Ricardo Serrão Santos foi proposta para ministro do Mar e Alexandra Leitão para o cargo de ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, novo ministério para esta legislatura a par do ministério da Coesão Territorial.
O Presidente da República vai dar posse ao novo Governo “na próxima semana”, em “data a determinar”, após a publicação do mapa oficial da eleições de 06 de outubro e da primeira reunião do parlamento.
Lista proposta
Primeiro-Ministro – António Costa;
Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital – Pedro Siza Vieira;
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros – Augusto Santos Silva;
Ministra de Estado e da Presidência – Mariana Vieira da Silva;
Ministro de Estado e das Finanças – Mário Centeno;
Ministro da Defesa Nacional – João Gomes Cravinho;
Ministro da Administração Interna – Eduardo Cabrita;
Ministra da Justiça – Francisca Van Dunen;
Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública – Alexandra Leitão;
Ministro do Planeamento – Nelson de Souza;
Ministra da Cultura – Graça Fonseca;
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Manuel Heitor;
Ministro da Educação – Tiago Brandão Rodrigues;
Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – Ana Mendes Godinho;
Ministro da Saúde – Marta Temido;
Ministro do Ambiente e da Ação Climática – João Pedro Matos Fernandes;
Ministro das Infraestruturas e da Habitação – Pedro Nuno Santos;
Ministra da Coesão Territorial – Ana Abrunhosa;
Ministra da Agricultura – Maria do Céu Albuquerque;
Ministro do Mar- Ricardo Serrão Santos;
Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares – Duarte Cordeiro;
Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro – Tiago Antunes;
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros – André Moz Caldas.
Noticia atualizada às 22h54 com mais informação.