Suspeitos de tiroteio em Braga libertados após vítima recuar nas declarações em tribunal

Arguidos são do grupo das Enguardas
“Fire” (foto à esquerda) e “Joelinho” (à direita). Foto: O MINHO

A Instância Central Criminal de Braga libertou já os dois suspeitos por envolvimento no tiroteio que atingiu um jovem moçambicano, durante a madrugada de 28 de maio de 2021, na zona dos bares académicos, em Braga, tendo “Joelinho” saído da Cadeia de Braga e “Fire” ficado sem a obrigação de permanência na habitação (a chamada prisão domiciliária) e sem qualquer pulseira eletrónica, passando para medidas de coação apresentações semanais na PSP e o termo de identidade e residência obrigatório a todos os arguidos.

O julgamento de Sandro P. (“Joelinho”) e de Rui C. (“Fire”), ambos conotados com o Grupo das Enguardas, em Braga, continuará na próxima semana, mas os três juízes do Tribunal Coletivo, em face da manifesta falta de provas quanto a ambos os arguidos, “Joelinho” e “Fire”, atenderam aos requerimentos, pelos seus dois advogados, respetivamente, Miguel Torrinha e Miguel Neves.

Para a libertação dos dois jovens foi decisivo o volte-face ocorrido no processo, já em fase de julgamento, quando o jovem baleado com três tiros, Elton M., de ascendência moçambicana, técnico de fibra ótica e residente no Bairro do Fujacal, admitiu aos juízes “não poder garantir” que quem o agrediu foi “Fire” e “Joelinho” os autores dos disparos, ao contrário do que tinha afirmado na Polícia Judiciária de Braga.

Elton M., de 24 anos, solteiro, disse aos magistrados “em consciência não poder garantir” terem sido aqueles os seus agressores, ao que, quer os três juízes, quer o procurador do Ministério Público chamaram imediatamente à atenção para este volte-face, explicando “serem coisas muito sérias” e “por causa das suas anteriores declarações haver duas pessoas que se encontram privadas da liberdade desde há vários meses”, isto depois de a vítima ter dito “só ter 50 por cento de certeza”, que tinham sido os dois arguidos a agredi-lo.

“Joelinho” e “Fire” estão acusados por alegada tentativa de homicídio, mas em face da falta de provas, tudo indica que serão absolvidos dessa imputação, pelo que legalmente os juízes tiraram conclusões e depois das iniciativas dos seus dois advogados, Miguel Torrinha e Miguel Neves, optaram então por libertar ambos os arguidos, embora estejam previstas ainda audições de mais testemunhas e as alegações finais, antes de ser proferido o acórdão, no Palácio da Justiça de Braga, a julgar outros casos relacionados com as guerras entre os Bairros das Enguardas e do Fujacal, mas processos com arguidos diferentes envolvendo outras situações.

Tal como O MINHO então noticiou, Elton M. foi atingido por três disparos, um dos quais desferido à queima-roupa, entre sete tiros que o visavam, tendo conseguido ainda fugir até às traseiras do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, a sangrar, sendo então socorrido por um amigo, que o transportou logo de automóvel, para o Serviço de Urgência Hospital Central de Braga, onde foi operado de emergência.

 
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