Estudante de Vila Verde escapa ao caos das manifestações de Barcelona

Elsa Meneses vive no bairro Poblenou

Elsa Meneses, de 22 anos, vive no bairro de Poblenou, distrito de Sant Martí, ao nordeste da cidade de Barcelona, ainda parte integrante do centro histórico e turístico, onde decorre grande parte das manifestações pela independência da Catalunha, marcadas por violentos confrontos entre manifestantes e polícias.

Já há mais de 200 polícias feridos e mais de 40 civis assistidos numa verdadeira batalha campal que fez ainda dez detidos, sobretudo durante esta sexta-feira, dia de greve geral com mais de 500 mil participantes.

O tema domina a atualidade internacional e Elsa não fica indiferente aos clamores de liberdade do povo catalão, que se encontra em manifestações desde 01 de outubro de 2017, mas agora acicatadas pela condenação dos líderes separatistas por parte de Madrid.

A O MINHO, a soprano natural de Cabanelas, concelho de Vila Verde, e licenciada pelo Conservatório de Música de Barcelona, onde estudou nos últimos quatro anos, salienta que existe alguma tensão, mas que “não é nada de muito grave”.

“Nas ruas vê-se que a maior parte dos manifestantes é pacífico e só quer ser ouvido, mas há um grupo de pessoas, com idades mais novas, que queimam alguns contentores do lixo e mexem com a polícia”, refere Elsa, apontando que “nunca se sabe muito bem quem começa o quê” nestas situações.

Elsa garante que faz a vida normal, embora esta sexta-feira não tenha saído de casa, por se tratar de um dia de manifestação geral com milhares de pessoas vindas de vários pontos da Catalunha a reunirem-se no centro de Barcelona.

“Eu como não sou de cá, acho que devemos deixar estas situações para quem é, prefiro até nem dizer qual é a minha opinião relativamente ao referendo de independência”, salienta.

Helicópteros no ar

Elsa destaca os helicópteros da polícia que, ao longo dos últimos três dias, sobrevoam de forma constante a cidade de Barcelona. “Parece que estamos em guerra mas não nos assusta”, sublinha.

Nas principais ruas de Barcelona, alguns estudantes, colegas de Elsa, também protestam pela independência catalã. Elsa recorda que, “há uns anos”, um colega do conservatório perdeu a visão de um olho na sequência de um tiro da polícia com bala de borracha.

Elsa prossegue os estudos musicais em Barcelona, onde pretende continuar a viver. Ao mesmo tempo, tem um trabalho de part-time numa empresa de turismo, onde faz alguns trabalhos como guia turística.

As manifestações levaram a que, muitas vezes, Elsa não fosse trabalhar, por serem canceladas as visitas. Também os comboios e os autocarros só vão até certo ponto, e alguns nem chegam mesmo a circular.

Mãe de Elsa vive de coração nas mãos

Embora nunca tenha pedido diretamente a Elsa para que esta voltasse, Luísa Correia, mãe, vê estas manifestações na cidade onde a filha vive com grande apreensão.

“Vivemos sempre com o coração nas mãos”, diz, ansiando para que estes tumultos acabem de forma a saber que a filha está em segurança.

“Já existiram outras manifestações mas estes dias tem sido mais complicado nas ruas e ficamos mais aflitos, tanto eu como o resto da família”, sublinha Luísa Correia.

Duzentos e sete agentes das forças de segurança foram até agora feridos nos distúrbios na Catalunha, anunciou esta sexta-feira em Madrid o ministro do Interior em funções, Fernando Grande-Marlaska.

Segundo o governante, são cerca de 400 independentistas violentos que estão a protagonizar esses incidentes “de maneira organizada contra a Polícia Nacional e numa área específica”.

“A esse vandalismo, comportamentos intoleráveis, a Polícia Nacional e os Mossos d’Esquadra (polícia regional catalã) estão a responder para evitar grandes incidentes”, afirmou, acrescentando que já ocorreram várias prisões e que mais vão ocorrer durante a noite.

 
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