Os 16 utentes do Centro de Acolhimento Temporário (CAT) de uma associação de Viana do Castelo vão realizar, no dia 28, uma “Street Store”, conceito que surgiu na África do Sul, para ajudar pessoas carenciadas.
A diretora daquele CAT, Mafalda Ribeiro, explicou que o conceito, introduzido em Portugal em outubro passado, foi reajustado pela Methamorphys com o objetivo de dotar os utentes da instituição de competências que os habilitem a construir um novo projeto de vida.
“Mais do que desenvolver competências dentro de casa, queremos levar as pessoas a adquiri-las no dia-a-dia”, explicou a responsável, adiantando que os utentes foram envolvidos em todo o processo que vai culminar com a realização da loja de rua.
“Os utentes vão colaborar como voluntários e estão a preparar este dia e aí é que está o desenvolvimento de competências”, sustentou.
O conceito de “Street Store” consiste numa loja de rua para pessoas em situação de vulnerabilidade social, onde se vai “vender” roupa, sapatos e livros mas em que o dinheiro não entra.
A primeira feira de rua foi realizada em outubro em Lisboa.
A ideia de reinventar o conceito em Viana do Castelo, aplicando-o à realidade dos utentes da Methamorphys partiu de uma psicóloga voluntária na instituição.
“O objetivo é transferir competências aos utentes, eles próprios em situação de fragilidade mas que ainda assim conseguem encontrar os recursos internos necessários para, em conjunto, planificar a realizar a loja de rua”, explicou Carla Ravazzini.
A psicóloga explicou que outro dos objetivos do projeto passa por “colocar a comunidade em movimento”, envolvendo outras entidades que trabalham na área social como a Casa dos Rapazes, Lar de Santa Teresa e o Berço, instituições que acolhem bebés e crianças em risco, bem como o Gabinete de Atendimento à Família (GAF) de Viana do Castelo.
“Uma das mensagens que queremos fazer passar é de quanto é importante ter consciência social e ajudar todos os que, pelas mais diversas razões, estão a precisar”, adiantou.
Os utentes da instituição estão envolvidos na preparação, na recolha, na montagem da loja e no apoio à loja que vai decorrer no dia 28, entre as 10h00 e a 17h00, num espaço junto ao estabelecimento prisional da cidade, cedido pela Câmara local.
Vão estar expostos vários artigos, desde peças vestuário (incluindo pijamas e roupa interior), sapatos, roupa de cama, produtos de higiene, sendo que os interessados podem levar o que precisarem e sem ” ficarem limitados a pegar num saco de donativos, sem poder de escolha”.
“Não há nenhum requisito é só aparecer”, adiantou Carla Ravazzini, afirmando que “não se trata de um gueto de pobrezinhos”.
“É uma loja para todos aqueles que por uma qualquer fatalidade possam estar a atravessar um período menos bom”, frisou.
Os pontos de recolha dos bens doados para a loja de rua estão distribuídos por várias Juntas de Freguesia, escolas, hipermercados e no próprio CAT da Methamorphys, que apostou ainda nas redes sociais para divulgar o evento.