O pai de um jovem com autismo, de Barcelos, que entrou hoje em greve de fome em frente à Segurança Social de Braga, terminou o protesto após a garantia da criação de um nova estrutura para dar resposta à falta de vagas em Centros de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI).
O levantamento da greve ocorreu “já após garantias, por escrito com a promessa de aceder a algumas das condições impostas”, segundo o próprio revelou a O MINHO.
Enfermeiro e membro do Movimento Pais e Luta, Jorge Castro, residente na freguesia de Carapeços, terminou a greve de fome por volta das 21:00, depois de receber um telefonema do presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) a garantir vagas para dezenas de jovens.
Jorge Castro afirmou a O MINHO que “a luta continua, porque ainda há muitos direitos por cumprir no que diz respeito aos cidadãos com deficiência em Portugal”.
“Não podemos parar, porque há conquistas a fazer e há garantias de ensino a não perder”, disse ainda.
E acrescentou: “Agradeço a cooperação do Grupo Parlamentar do PCP que hoje questionou o Governo sobre a falta de respostas dos Centros de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) e dos Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI)”.
Sandra Cardoso, do PCP, afirmou a O MINHO “ser lamentável que os pais tenham de chegar a este ponto para conseguirem aquilo a que sempre tiveram direito”
“Constata-se que as prioridades deste Governo estão todas trocadas, mas cá estamos e cá estaremos para continuar a defender os direitos, liberdades e garantias, consagrados na Constituição da República Portuguesa”, referiu Sandra Cardoso, deputada municipal.
O ISS já anunciou que o nível de respostas sociais para jovens com autismo vai aumentar “significativamente”, com uma nova estrutura que estará implementada “muito em breve” na Apúlia, em Esposende.
Em resposta enviada à Lusa, o ISS acrescenta que hoje mesmo foram abertas candidaturas para apoios do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ao investimento em CACI, que poderão apoiar iniciativas de remodelação e melhoria das estruturas e dos meios existentes.
“Em suma, para além do aumento de vagas, estamos empenhados na requalificação e remodelação das estruturas existentes”, refere ainda o comunicado.
Como O MINHO noticiou, os pais alertaram que muitos jovens estão em vias de ultrapassar a idade limite da escolaridade obrigatória e que, como tal, correm o risco de terem de abandonar a escola, no caso a Secundária Henrique Medina, em Esposende, que tem sido a única resposta que têm conseguido.
O ISS garante que a escola “poderá continuar a permitir a frequência” daqueles alunos durante o ano letivo de 2025/26.
“Contudo, sendo essa uma solução provisória, o ISS está a trabalhar com a tutela numa solução estrutural que acolha quem necessita de apoio”, diz ainda.
*com Lusa