Mais de 40 alunos de duas turmas do 4.º ano da Escola Diogo Bernardes, do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, foram impedidos de embarcar num voo da companhia Ryanair, no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, esta terça-feira, antes das 20:05, no final de uma viagem de finalistas, cujo momento alto seria precisamente a viagem de avião, a primeira para grande parte das crianças.
De acordo com quem acompanhava os alunos de 9 e 10 anos de idade, o grupo chegou ao aeroporto uma hora antes, com o check-in já feito e passou o controlo com o bilhete validado, tendo dirigido-se para a respetiva porta de embarque, mal foi feita a primeira chamada.
“Contudo, 25 minutos antes da hora prevista do voo, a porta de embarque foi encerrada à frente do grupo de alunos, que estava entusiasmado para desfrutar do seu regresso a casa por via aérea”, conta um pai. Sem outra justificação, a não ser a de que “já não podiam embarcar”.
“A convulsão no grupo foi grande, com crianças a chorar e os adultos, pais e professores responsáveis pelo acompanhamento, a não terem mãos a medir”, lamenta.
Para além de não devolverem o dinheiro da viagem, a Ryanair apenas se disponibilizou em facultar contatos de autocarros, porque já estava a ser feita a reclamação no aeroporto e para não deixarem assim as crianças na mão. Contudo, o valor de 500 euros pelo transporte do grupo para Ponte da Barca foi a encargo dos adultos que acompanhavam os alunos.
As crianças chegaram a casa já perto das 04:00 da manhã, após uma jornada que começara na madrugada do dia anterior, 24 horas antes, com saída para Braga, de onde partiram rumo à capital, num comboio alfa-pendular, onde visitaram o Jardim Zoológico e passaram o resto do dia.
“Para além da desilusão e do esforço em vão, ainda levam com o gozo dos outros”, desabafa o mesmo pai, revoltado com a situação, recordando os mais de 100 euros que cada criança angariou, através de atividades realizadas ao longo do ano, para poder participar na atividade.
Contactada por O MINHO, através do chat de apoio ao cliente, a empresa escusou-se a dar qualquer explicação, a não ser “o que está preto no branco”: “as portas de embarque encerram 40-45 minutos antes do voo”, disse o funcionário da Ryanair.
Quando questionado sobre o facto de os passageiros se terem dirigido à porta de embarque logo imediatamente após a primeira chamada, Sergiu F. remeteu mais explicações para o aeroporto.
O MINHO tentou ainda que lhe fosse facultado um contacto telefónico para colocar as perguntas diretamente a um responsável, mas sem sucesso.
“Perguntas de jornalistas. Fale com o aeroporto”, escreveu aquele funcionário da Ryanair, antes de encerrar abruptamente a conversa.
No dia anterior à viagem destas duas turmas, um outro grupo de alunos de Ponte da Barca, com as mesmas idades, mas de outras escolas, realizou programa idêntico.
“Outros dois centros escolares de Ponte da Barca, Crasto e Entre Ambos-os-Rios, foram ontem [segunda-feira], viajando de avião ida e volta. Sei que esse voo na Ryanair também foi conturbado devido à histeria dos miúdos, [de tal forma] que as hospedeiras nem se conseguiam fazer ouvir. Mas nem quero acreditar que o que se passou hoje fosse uma retaliação”, aponta o mesmo pai.
Agora, lamenta o encarregado de educação, que apresentou uma queixa junto da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), “o que se vai passar é os miúdos gozarem com os que não voaram. Para além da desilusão e do esforço em vão, ainda levam com o gozo dos outros”.
No dia seguinte à publicação deste artigo, a Ryanair enviou um comentário à redação de O MINHO.
“Apesar de lamentarmos qualquer inconveniente provocado por esta situação, é da responsabilidade de cada passageiro assegurar-se de que chegam à porta de embarque atempadamente para o seu voo. Os nossos registos demonstram que estes passageiros chegaram à porta após o embarque ter fechado para este voo. Mais de 130 passageiros chegaram atempadamente e realizaram sem contratempos este voo para o Porto”.
Atualizada em 31/05