O presidente do PSD foi reeleito para o cargo no sábado, numa disputa muito renhida com o eurodeputado Paulo Rangel, e já assegurou que vai “picado” para ganhar as legislativas de 30 de janeiro.
De acordo com os resultados oficiais, ainda provisórios, anunciados pelo Conselho de Jurisdição Nacional, Rui Rio foi reeleito presidente do PSD com 52,43% dos votos, contra os 47,57% do eurodeputado Paulo Rangel.
Do total de 46.664 inscritos, votaram 35.991 militantes sociais-democratas. Rio alcançou 18.604 votos e Rangel 16.879, havendo ainda 189 votos nulos e 319 votos em branco.
Com base nestes resultados provisórios, a diferença entre os dois candidatos foi de 1.725 votos, a mais curta de sempre em diretas, batendo o ‘recorde’ de 2020, quando Rio tinha vencido Luís Montenegro por 2.071 votos.
Menos de duas horas depois de fechadas as urnas, já Paulo Rangel vinha reconhecer a derrota algo surpreendente, já que ambas as candidaturas admitiam que o eurodeputado tinha o apoio da maioria das estruturas do partido.
Se a primeira mensagem foi para repetir os parabéns a Rio – já transmitidos em conversa telefónica ao próprio -, a mais importante foi o apelo à união do partido.
“Da minha parte e dos que me apoiaram, haverá uma colaboração leal e efetiva”, assegurou, no hotel de Lisboa onde acompanhou os resultados eleitorais.
A cerca de 300 km, no Porto, questionado sobre a necessidade de unidade, Rio respondeu que “só se pode fazer unidade com quem quer”.
“Já aprendi que muitos dizem que querem unidade e depois não querem unidade”, acrescentou.
Se Rangel preferiu não avançar explicações para a sua derrota, dizendo ter proposto uma estratégia alternativa à do seu adversário que foi vencida, Rio avançou que a sua foi “uma vitória dos militantes de base”, aconselhando os líderes concelhios e distritais a procurarem uma maior ligação a estes.
Os dois candidatos viraram já os discursos para as legislativas de 30 de janeiro, com Rangel a insistir que a realização das eleições internas até foi benéfica para legitimar Rio, que irá “com mais força” para a disputa com o PS e António Costa.
“Encaro esta vitória como todas as outras, com satisfação, com orgulho, mas acima de tudo com responsabilidade”, afirmou o presidente do PSD, admitindo que funciona melhor quando o ‘picam0.
“E efetivamente estou picado para ganhar as legislativas”, salientou.
Nas respostas aos jornalistas, Rio reiterou que “vai a eleições democráticas” para “ganhar” e que irá “respeitar essas eleições quer ganhe, quer perca”, esperando a mesma postura dos outros partidos.
Rio vence em Braga, Guimarães e Barcelos
O atual presidente do PSD Rui Rio venceu nas secções de Braga, Guimarães e Barcelos para as eleições diretas do partido, que se realizam este sábado. Já o eurodeputado Paulo Rangel conquistou a maioria dos militantes de Famalicão e Vila Verde.
De acordo com os últimos resultados disponíveis, Rio venceu no concelho de Braga por 259 votos contra 247 de Rangel. Em Guimarães também venceu Rui Rio (258-199), tal como em Barcelos (840-551).
Em Famalicão esteve melhor o eurodeputado, com 486 contra 470 do opositor, vencendo também em Vila Verde (506-310).
Nas concelhias mais pequenas do distrito de Braga, Rui Rio parece ter levado a melhor, com vitórias em Amares (91-85), Fafe (90-36), Vizela (26-6), Póvoa de Lanhoso (96-51), Celorico de Basto (20-18) e em Cabeceiras de Basto (23-9).
Já Rangel venceu em Esposende (77-43), Vieira do Minho (45-28) e Terras de Bouro (14-12).
Rio vence no distrito de Viana
Rui Rio conseguiu angariar o maior número de votos dos militantes do PSD no distrito de Viana, com um total de 616 contra 447 de Paulo Rangel.
O atual presidente do partido venceu em Viana (140-79), Arcos de Valdevez (268-150), Monção (40-17), Valença (40-17), Ponte de Lima (40-24) e Paredes de Coura (9-8).
Já Paulo Rangel conseguiu o maior número de votantes nos concelhos de Ponte da Barca (106-49), Caminha (106-39) e Cerveira (21-14).
Em Melgaço houve um empate (8-8).
Para Rui Rio, foram as suas terceiras diretas, tendo derrotado em 2018 Pedro Santana Lopes por 54% e em 2020 Luís Montenegro por 53%, numa inédita segunda volta no PSD.
Já Paulo Rangel disputou pela segunda vez a presidência do PSD, depois de ter concorrido em 2010 contra Aguiar-Branco e Pedro Passos Coelho, que este venceu com mais de 60% dos votos.
O eurodeputado assegurou que irá cumprir “até ao fim” o seu mandato no Parlamento Europeu (até 2024) e, questionado se poderá disputar uma terceira vez a liderança do PSD, respondeu: “Não antevejo”.
A taxa de participação nas décimas eleições diretas rondou os 77%.