Ricardo Rio: “Metrobus é um bem menor”

Mobilidade

“Metrobus é um bem menor”. É assim que o presidente da Câmara de Braga vê a possibilidade de ligação entre Guimarães e Braga por “metrobus”. Esta possibilidade foi avançada durante a apresentação pelo governo, do Plano Nacional de Investimento (PNI), feita ontem, dia 22.

A ligação entre as cidades de Braga e Guimarães por meio de um transporte alternativo ao rodoviário já passou por várias fases. Ainda no início deste ano, o tramway era apontado como a solução de mobilidade entre as cidades do Quadrilátero: Guimarães, Famalicão, Barcelos e Braga. Este território, com uma população de cerca de 600 mil pessoas ficaria ligado por uma solução que é um misto de metro de superfície e elétrico.

A ideia terá sido lançada por Domingos Bragança, o presidente da Câmara de Guimarães, em 2016, na conferência “O Futuro do Minho” realizada em Braga, no Museu dos Biscainhos e que contou com o, então, secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza. Domingos Bragança colocava, naquela altura, a possibilidade de criação de uma linha a ligar o centro da cidade de Guimarães a Fermentões, Ponte e Taipas, com o trajeto do tramo norte a interligar-se posteriormente com o lanço do concelho de Braga. Outro percurso ligaria a cidade de Guimarães às vilas de Pevidém, Brito e Ronfe, fazendo a conexão com Joane, no tramo respeitante ao concelho de Famalicão.

Esta ramificação da solução de mobilidade continua em cima da mesa, com Ricardo Rio a assumir que o “metrobus” se ramificaria, “até na malha urbana de Braga”. Também Domingos Bragança assume que, “em Guimarães estamos a fazer estudos que possam ligar Moreira de Cónegos e Lordelo à cidade e também a ligação da cidade a Ponte e à Vila das Taipas, e depois então a ligação a Braga, isto tudo em metrobus”. Tudo indica, portanto, que a ideia do tramway morre aqui.

 “Uma solução como o metro de superfície seria mais vantajosa”

“Foi uma opção pragmática”, Ricardo Rio é perentório. “Não haveria massa crítica para um investimento tão avultado [tramway ou metro de superfície]. Foi nesse contexto que surgiu o ‘metrobus’ como possibilidade”, reconhece o edil bracarense.

Para Ricardo Rio trata-se de “um bem menor. Uma solução como o metro de superfície seria mais vantajosa”, lamenta. O presidente da Câmara de Braga afirma que o projeto do metro de superfície caiu por terra por falta de densidade populacional no percurso entre Guimarães e Braga. “O metro, para ser rentável, precisa de ter paragens a cada 800 metros, no máximo de quilómetro em quilómetro, na maior parte do percurso entre Guimarães e Braga isso não seria possível”, explica.

Ligação do Quadrilátero por metro de superfície cai por terra

Ricardo Rio deixou claro que, com esta proposta cai por terra a ambição de ligar os concelhos do Quadrilátero, uma vez que o projeto só contempla a ligação entre Braga e Guimarães.

No total a ligação entre os dois concelhos terá uma extensão de 25km. Domingos Bragança afirma que o Orçamento de Estado prevê um investimento de 200 milhões de euros nos próximos dez anos, até 2030, para este projeto. A origem dos fundos para este investimento não é ainda conhecida, mas Ricardo Rio admite que uma boa parte deverá vir de fundos comunitários.

Relativamente ao traçado previsto, neste momento ainda não é conhecido. As Câmaras de Guimarães e Braga e a Universidade do Minho constituíram um grupo de trabalho que está a trabalhar, já há dois meses, para fazer os estudos prévios. Será do trabalho deste grupo que surgirão as primeiras novidades relativamente à configuração do projeto.

O “metrobus” é constituído por vias dedicadas onde circulam autocarros elétricos ou a combustão. O conceito também é conhecido como BRT, sigla com origem no inglês Bus Rapid Transit (autocarro de trânsito rápido, numa tradução livre). Estes autocarros, tal como o metro de superfície, acionam os semáforos de forma a terem sempre prioridade nos cruzamentos. Como no metro, os passageiros podem entrar e sair por qualquer porta. Os títulos de transporte são, na maioria dos casos, adquiridos fora das viaturas, em máquinas, à semelhança do que acontece no metro do Porto.

 
Total
0
Shares
Artigos Relacionados